terça-feira, 6 de setembro de 2011

Rio: moradores e militares entram em conflito novamente no Alemão

Moradores do Complexo do Alemão denunciaram na madrugada desta terça-feira mais um confronto com militares da Força de Pacificação, na região da Alvorada, no alto do morro, no mesmo lugar onde ocorreu um tumulto na noite de domingo. Os relatos indicam que os soldados do Exército teriam desligado as luzes da rua 2, perto da Estação do Teleférico Itararé, e disparado balas de borracha na direção das pessoas. "Eles não deixaram ninguém subir nas lajes nem ficar nas janelas. A gente não podia assistir ao que acontecia direito porque eles mandavam bala para cima de nós. A rua estava muito escura porque eles desligaram as luzes. Não sei se tem gente machucada, mas acho que não está certo porque todo mundo está sendo prejudicado. Além do mais, o Exército está mostrando que é tão violento quanto os traficantes que ocupavam o morro", disse uma moradora, que pediu para não ser identificada. Duas horas antes do novo confronto na rua 2, os bombeiros do quartel da Penha foram chamados para a avenida Itaoca, na entrada da favela Nova Brasília, onde um grupo botou fogo em madeiras no meio da pista. Segundo moradores, o protesto durou aproximadamente 40 minutos. Ônibus chegaram a desviar a rota por outras ruas. De acordo com René Silva, do jornal Voz da Comunidade, um grupo de motoqueiros começou a confusão. O Exército confirmou que algumas pessoas foram detidas, mas não informou quantas. A empregada doméstica Josicleide Urbano da Silva, mãe de um dos jovens detidos, Ivo Urbano da Silva, 21 anos, esteve na porta da antiga fábrica da Coca-Cola, na avenida Itararé, em Bonsucesso, onde funciona a base avançada dos militares. "Me disseram que ele foi preso perto da quadra na Fazendinha e foi espancado", disse ela. Josicleide exibia uma moção de desagravo, expedida em 27 de junho de 2006 pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), quando o filho sofreu com a violência policial. "Como depois ficou comprovado que os policiais erraram, a Alerj fez essa moção, mas eu entrei com um processo contra o Estado e, pelo visto, serei obrigada a entrar com outro. Não sou contra a pacificação, mas apelo para o bom senso: é inaceitável o que está acontecendo por aqui", lamentou. O Exército não comentou os fatos.

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