terça-feira, 16 de agosto de 2011

Baianos contam histórias de fé e devoção a São Roque Santo é considerado 'protetor das doenças' pelo seguidores católicos. Missas durante o dia...



Sincretismo religioso




São Roque é considerado na religião católica como o protetor das doenças e no dia de homenagens ao santo, comemorado nesta terça-feira (16), dezenas de baianos se reúnem no templo religioso em Salvador, para agradecer pela cura de problemas de saúde.

“Minha história com São Roque teve início há uns 40 anos. Eu era professora no interior do estado e conheci o santo por intermédio de alguns alunos que já eram devotos. Anos depois, eu comecei a ter uns problemas de pele, e mais tarde foi detectada uma hanseníase. Fiz um tratamento médico, mas tenho certeza que se não fosse a fé que eu depositei em São Roque, hoje eu não estaria completamente curada da doença” contou, emocionada, a devota Maria da Purificação.

Entre as homenagens, é comum ouvir relatos da fé passada entre gerações de uma mesma família. “A tradição começou com a minha mãe, que participava comigo das missas em homenagem a São Roque quando eu era criança. Hoje eu sou avó e estou aqui com minha filha e meu neto adolescente dando continuidade ao que os meus familiares seguem ao longo dos anos”, contou Conceição Bispo, enquanto entoava os cânticos da celebração religiosa.O devoto baiano Pedro Braga cumpriu nesta terça-feira a missão anual de pedalar para homenagear o santo. "Todo ano eu venho pedalando do bairro da Caixa D'água até a Federação para agradecer a São Roque pelo axé oferecido ao longo do ano. Além disso, faço questão de sempre comer mugunzá, que é o alimento em homenagem ao dia do santo", diz.


No Candomblé, São Roque é representado por Obaluaê, ou Omolu, orixá responsável tanto pela cura, quanto pela disseminação de doenças infecto-contagiosas. O pai de Santo Edvaldo de Oxumaré explica por que nos rituais do Candomblé os fiéis de Obaluaê recebem os tradicionais banhos de pipoca, preparada sem sal e com pedaços de coco, além dos banhos com ervas e alfazema e o uso da Pemba de Oxalá, pó branco feito a partir de raízes.

“Isso aqui é para retirar as impurezas da pessoa e atrair toda a positividade. O banho com alfazemas representa Yemanjá, rainha das Águas e mãe de Obaluaê. Já a Pemba de Oxalá serve para fechar o corpo contra quaisquer males”, explica o religioso. Além da pipoca, as pessoas comem o mungunzá, uma espécie de mingau feito com grãos de milhos cozidos inteiros, durante toda a festa, também em homenagem ao orixá.A Mãe de Santo Renata de Yansã comenta a mistura de crenças que, para ela, só acontece na Bahia.

"Estou aqui há 14 anos celebrando esta festa com baianos de todas as cidades e religiões. Hoje eu já dei banhos de pipoca e de folhas em católicos, adeptos do Candomblé, espíritas e pessoas que não têm sua religião definida. Esta celebração de povos, independente de crenças, é nosso, é da Bahia', comemora a Mãe de Santo.


Programação

A festa começou cedo, às 5h30, quando uma alvorada de fogos iniciou a programação, seguida pela cerimônia de reza do Terço dos Homens, às 6h. Também cedo, membros dos terreiros de Candomblé próximos à igreja realizaram a lavagem das escadarias. A primeira missa do dia foi realizada às 7h e as cerimônias religiosas seguem pelo dia, às 9h, 11h e 15h.São Lázaro e São Roque dividem o mesmo templo religioso no bairro da Federação, na capital baiana. A festa de São Lázaro é comemorada em 11 de fevereiro.

História

Padroeiro dos inválidos na religião católica, São Roque nasceu na França, no ano de 1295, uma época em que a Europa vivia um momento das mais variadas epidemias, decorrentes das más condições de saneamento básico da época. E foi neste cenário que São Roque, de acordo com as crenças católicas, começou a curar doentes de todo o continente, afastando as pestes por onde passava.

A Igreja de São Lázaro, construída no século XVIII, é templo religioso de São Roque e São Lázaro. A festa de São Lázaro é realizada no dia 11 de fevereiro. Durante todo o dia fiéis passarão pela igreja para prestar sua devoção ao santo das enfermidades. Além de padroeiro dos enfermos, São Roque também é o santo padroeiro dos médicos cirurgiões e protetor dos gados.

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