sábado, 19 de março de 2011

Obama chega ao Brasil na primeira etapa de giro latino-americano


A primeira mulher a chefiar a República brasileira recebe, neste sábado (19), em Brasília, a visita do primeiro líder negro a alcançar a Presidência dos Estados Unidos. Simbolismos à parte, Barack Obama terá uma ampla agenda de discussões práticas com a presidente Dilma Rousseff, assim que subir a rampa do Palácio do Planalto, um dia antes de seguir ao Rio de Janeiro. O Brasil é o primeiro país do giro latino-americano do presidente.

Há uma grande expectativa de renovação das relações entre os dois países, abalada por divergências em relação à crise nucelar do Irã e à crise constitucional de Honduras, durante o mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Há também uma grande curiosidade sobre se irá ocorrer uma "química pessoal" entre Dilma e Obama.

A nova presidente já demonstrou que os EUA voltaram a ganhar importância na diplomacia brasileira ao nomear, por exemplo, o ex-embaixador do Brasil em Washington, Antonio Patriota, como seu chanceler (ministro das Relações Exteriores). Obama também se apressou em vir ao país, invertendo a tradição (até então, eram os presidentes brasileiros quem primeiro visitavam os americanos).

Para Shannon O'Neil, especialista em América Latina do Council on Foreign Relations, de Washington, a história guerrilheira de Dilma e a trajetória espetacular do primeiro presidente negro dos EUA pode ajudar a fomentar a tal "química pessoal", que tanto ajuda a diplomacia.

- A identificação já é natural por serem dois presidentes pioneiros . Desde que Dilma foi eleita, ambos deram sinais de relação será mais funcional, objetiva e reflexiva.

A viagem também será uma oportunidade para os EUA reconhecer o novo papel ocupado pelo Brasil na cena internacional, segundo a especialista.

Economia deve dominar conversa
Obama chega ao Planalto às 10h, junto da mulher Michelle Obama. Após uma salva de tiros de canhão, o presidente americano terá uma conversa privada com Dilma.

A chamada "guerra cambial" movida pela China (com prejuízos aos EUA e ao Brasil) deve entrar na conversa, assim como o aumento de comércio entre os dois países. Antes o maior parceiro comercial dos brasileiros, os americanos tentam conter o avanço dos chineses na América Latina.

Da conversa pode sair algum acordo energético: os EUA estão interessados no petróleo do pré-sal e o Brasil quer vender etanol para os americanos. Além disso, Dilma e Obama podem fazer uma dobradinha em defesa da energia nuclear, já que tanto Brasil quanto os EUA pretendem construir mais usinas - e a crise no Japão pode afetar os planos.

Obama, é claro, vai tentar vender os caças da Boeing à Força Aérea do Brasil.

EUA não devem apoiar sonho do Brasil na ONU
Obama deve frustrar a expectativa do governo brasileiro, que gostaria de receber apoio americano ao projeto do Brasil de se tornar um membro permanente da ONU (se juntando ao clube dos cinco grandes - EUA, China, Reino Unido, França e Rússia).

Os EUA não devem apoiar a aspiração brasileira, apesar de terem garantido apoio a outro emergente, a Índia, na visita que Obama fez a Nova Déli, no ano passado.

Para compensar a frustração, espera-se um acordo que acabe com o visto prévio obrigatório para a entrada de brasileiros nos EUA, e de americanos no Brasil. Além do aumento de turistas, a proposta esbarra em questões de segurança.

Mulher de Patriota passeia com Michelle
Na ausência de uma primeira-dama, a mulher do chanceler Patriota, Tania Cooper Patriota, será a responsável por acompanhar Michelle Obama em uma programação paralela a de seus maridos.

A primeira-dama americana deve visitar algum projeto social em Brasília após o almoço que Dilma irá oferecer no Palácio do Itamaraty. Após ser recebido no Planalto, o casal Obama se encaminha à sede do Ministério das Relações Exteriores.

Obama participa de um grande encontro com empresários brasileiros à tarde. No fim do dia, o casal volta a se reunir com Dilma, desta vez no Palácio do Alvorada (residência oficial da presidente), antes de seguir ao Rio de Janeiro.

No Rio, discurso e turismo
Obama reservou à antiga capital da República a parte mais badalada de sua visita. O casal visita o Cristo Redentor logo pela manhã.
À tarde, Obama fará um "discurso aos brasileiros" no Teatro Municipal (após cancelar evento aberto na Cinelândia, temendo protestos constrangedores).

Também está prevista uma visita de Michelle à Cidade do Samba e a ida do casal à Cidade de Deus, comunidade na zona oeste do Rio. À noite, Obama segue para o Chile. De lá, vai para El Salvador, na última parada do giro latino-americano do presidente.

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