O Rito do Zandró
A Nação Jeje comporta em seus fundamentos um vasto número de preceitos, tradições e rituais que a diferencia significativamente da cultura Nagô e, embora atualmente uma grande parte das casas de culto Jeje aos Voduns estejam, digamos assim, “nagonizadas”, muitas ainda mantém firme os ritos e fundamentos religiosos passados para nós pelos nossos queridos antepassados e por nossos ancestrais africanos. Pelo rito do Zandró – fundamento pertencente exclusivamente à Nação Jeje – o Povo do Vodun presta sua reverência aos que vieram antes e que hoje são para nós a memória do nosso povo.
Este ritual é de fundamentos por demais secretos, por isso, coloco aqui apenas a breve definição do mesmo.
A palavra Zandró significa vigília e é uma cerimônia que se inicia ao cair da noite e vai até a madrugada. É uma cerimônia específica e particular para cada Casa de Culto, dedicada aos ancestrais daquela casa. No Zandró também se louvam os Voduns, os ancestrais. É um ritual firmado por uma sequência de cânticos e louvores específicos.
Há Voduns em particular como Ayizan – senhora dona do “gancho” da memória ancestre e dos antepassados – e, Azli Tògbósì (Aziri Tobosi) – a grande mãe jeje-mahi dos voduns – que recebem reverencia exclamativa neste ritual. Ayizan é vínculo para se reverenciar os antepassados; como não se cultua kukuto (egun, mortos) no Jeje-Mahi, é através dela que se prestam as reverências a eles. Aos pés do àtínsá (árvore sacra) de Ayizan são depositados vários pratos e ofertados a ela, num ato que muitas casas denominam “fundamento dos pratos”. As vodunsìs cantam para Ayizan ajoelhadas na esteira, batendo palmas e acompanhadas de cabaças (zàn). Aziri Tobosi recebe as comidas de todos os Voduns. A sequência de louvação no Zandró se inicia em Ayizan e termina em Aziri Tobosi.
O cerimonial do Zandró antecede as festas públicas (dòrozàn) do jeje-mahi, e é tido como um convite que se faz aos voduns para virem a festa, e seria o correspondente jeje do padê dos nagôs, embora não exista relação de culto entre os dois. É uma cerimônia restrita não podendo pessoas de fora participarem.
Autoria: Hùngbónò Charles
Ògún – Igbó-Igbó
Uma interesante cerimônia acontece todas as semanas, na África, para o Orixá Ògún-Igbó-Igbó, na pequena aldeia de Ishede, em Holi, região de floresta úmida situada exatamente na fronteira da república Popular do Benin (antigo Daomé) com a Nigéria.
Trata-se de uma típica semana Yorubá, cujos dias são dedicados sucessivamente a Exú, Ogun, Xangô e Oxalá.
Ishede permaneceu muito tempo isolado do mundo exterior, em função da natureza pantanosa do seu terreno, o que dificulta a construção de rodovias de acesso. Desta forma, esta aldeia tinha conservado até 40 anos atrás (quando foi realizado este ensaio fotográfico), os hábitos e os costumes religiosos dos antepassados, totalmente preservados das influências estramgeiras. Ishede era um excelente exemplo do que foram as cidades nagôs-yorubás antes da chegada dos missionários cristãos e mulçumanos e dos representantes do poder civilizatório.
O Alase (guardião do poder) de Ògún Igbó-Igbó detém, na ladeia, a posição de chefe tradicional. \estando sua autoridade fudamentada na força deste Orixá, o poder que ele possui é de características teocráticas, O Alase assiste e preside as cerimônias realizadas a cada semana Yorubá para homenageae Ògún Igbó-Igbó.
O templo de Ògun Igbó-Igbó está localizado numa grande clareira da floresta, vizinha à aldeia. O santuário onde são venerados os ferros de ògún, símbolos de seu poder, consite em uma choupana redonda, de teto em forma cônica, precedida de um galpão cujo o telhado de palha é sustentado por pilastras de madeira esculpida. Al lado do templo tem um pequeno cercado chamado Idomosun, onde são feitas as oferendas aos ancestrais dos participantes da cerimônia. Em outro cercado, em frente ao templo, guarda-se sob os cuidados de Yafero, o odundun, planta que acalma , conhecida no Brasil como Folha da Costa.
Dois outros Orixás também são abrigados em choupanas ou cabanas, sendo uma de forma cônica, que é o templo de Exú, a outra guarda os objetos sagrados de Oxóssi, o caçador. Existe ainda um abrigo que serve de “caserna” aos Egbenlas, os soldados de Ògún. Os tocadores de atabaquessãom instalados ao ar livre, ao lado do templo de Ògún.
Há ainda outros assentos em diversos lugares para os demais dignatários da cerimônia e, finalmente, para as mulheres que cantam para saudar, mas, que não entarm em transe durante os rituais. O Alase também não entra em trnse, este é um previlégio do sarcedote portador do título de Soba.
A manifestação da presença de Ògún é aconpamhada pelas presenças de Odé e Exú, que incorporam respectivamente em Onisegun e Oluponan.
Uma mulher, Yafero, é encarregada de acalmar Ògún se ele se tornar muito violento. Ela participa de todas as danças do ritual.
No dia consagrado a Ògún, o chão da clareira é cuidadosamente varrido, os sacerdotes dos Orixás e os dignatórios chegam uns após os outros tomam assento nos lugares determinados pela tradição.
Depois de algum tempo de pausa, a orquestra composta de três atabaques entarm em ação com seus cântigos e rítmos e os sacerdotes de Saba, Oxogun, Oluponan e Yafero, entram em transe e dançam em harmonia perfeita, uma espécie de quadrilha. Eles vão e vêm , saúdam os notáveis e pessoas presentes, Os egbenlas, soldados de Ògún, acompanham suas evoluções armados de facão.
Ao fim de um certo tempo, cada um dos participantes retorna a seu assento no lugar que lhes foi reservado, os atabaques param de tocar, os Orixás retornam aos seus templos e os sacerdotes depois voltam para confraternizar com todos.
Texto de Pierre Verger
*Publicado originalmente na revista Bric à Brac, IV, Brasília, 1990
Fotos sobre o texto podem ser vista no livro:Verger|Batiste – Dimensões de uma amizade.
*Publicado originalmente na revista Bric à Brac, IV, Brasília, 1990
Fotos sobre o texto podem ser vista no livro:Verger|Batiste – Dimensões de uma amizade.
Cartilha para legalização de Casas Religiosas de Matriz Africana
Segue o link da Cartilha para legalização de Casas Religiosas de Matriz Africana; um importante passo para nos defendermos mais da intolerância e sermos reconhecidos pelo Estado como detentores de religiosidade, cultura e fé. A cartilha clara, de fácil entendimento e mostra todos os passos necessários para legalizar a sua Casa de Axé.
Avante, irmãos!
Link para a cartilha: http://www.casadoperdao.com.br/images/CARTILHA_30.05.12.pdf
Fonte: Página do axé Casa de Oxumarê (https://www.facebook.com/casadeoxumare)
Balaio de Ideias: 6+12=5
Para quem tem como prática religiosa o culto aos orixás, o dia 6 do mês 6 foi, e continuará sendo, de extrema importância. Afinal, no profundo sistema numérico do jogo de búzios, o número 6 foi o responsável por trazer a prosperidade para a Terra. Para o povo africano, de quem herdamos uma boa parcela de nossa filosofia de vida, ser próspero é uma obrigação. Por isso, nessa data, o “povo de santo” fica todo ouriçado: põe suas melhores joias, sai para fazer compras e faz oferendas. Tudo para atrair prosperidade. O alcance dessa graça é um dos maiores desejos do ser humano. Mas quem é essa tão desejada prosperidade?…
Diferente do que normalmente se costuma pensar, a filosofia yorubá não relaciona prosperidade, apenas, a dinheiro. A referida palavra quer indicar uma reunião de circunstâncias que precisam ser buscadas, para que se vá alcançando, continuamente, um estado mais elevado do ser, em seus diferentes aspectos: físico, emocional, social, espiritual e, é claro, financeiro. Até mesmo porque de nada adianta se ter muito dinheiro sem a tranquilidade necessária para saber usá-lo com sabedoria.
Quando elevamos nossos pensamentos aos orixás, dizemos: Olu wá mi, fún mi ni ekun fún mi ni owo = Venha meu senhor e me traga força pura para que eu possa ter dinheiro. Força pura é o axé que permite que os obstáculos sejam vencidos. É um grande risco, então, pedir dinheiro aos deuses, sem que se tenha antes pedido e alcançado o axé necessário para que ele seja um aliado e não um inimigo. Dinheiro, sexo e poder são como “faca de dois gumes”: tanto podem levar à ascensão como ao fracasso.
Este artigo é fruto da vivência que tive com dois filhos meus. Um pela empolgação e outro pela curiosidade demonstraram interesse de conhecer mais profundamente, e de acordo com a tradição que os guia, um tema a que outras tradições também se dedicam com afinco – a prosperidade, que na cultura yorubá é simbolizada pelo número seis. É através da leitura dos números que esse povo e seus descendentes encontram soluções para as dificuldades diárias. Os números falam e os mitos nos ajudam a entender o que eles dizem. Sem o conhecimento das histórias míticas nunca entenderíamos o porquê de ser dito: 6 + 12 = 5:
O número 6 e o número 12 surgiram de um bloco de ouro. Eles se apaixonaram, perdidamente. Dessa união nasceu Ajé – orixá símbolo da riqueza –, irmã de Oxum – a dona da pérola e de outras pedras preciosas, orixá que tem no número 5 uma de suas formas de se comunicar. Do número seis, portanto, nasceram a riqueza e o costume de usar joias; mas também com ele vieram a vaidade e o orgulho, que podem levar à destruição de tudo que se conquistou. Esse número lembra-nos que o destino das criaturas é a prosperidade e que a humildade é uma das condições fundamentais para a aquisição desta graça.
O número 6 nos conta, através de um de seus mitos:
Todos os anos, Olorum fazia uma festa e convidava os números 1 a 16, a fim de que eles prestassem conta de seus atos na Terra. Encerrada a reunião, todos eram presenteados de acordo com o valor de seus méritos. Naquele ano, porém, a Divindade Suprema resolveu que daria um presente igual para todos. O número 6 era muito pobre e por isto seus irmãos foram até sua casa, antes da festa, para almoçar. A real intenção era humilhar o dono da casa, que mal tinha como alimentar sua própria família. Seis deu tudo que tinha guardado para a alimentação do mês. Nem assim deixou de sofrer gozação. Já cansado de tanta humilhação, ele desistiu de ir à tal reunião. Olorum sentiu sua falta, mas nada comentou. No final da festa, os números, de 1 a 16 (menos 6), receberam uma abóbora. Todos ficaram revoltados com um presente tão simples e despejaram todas as abóboras na casa de 6. Eles só não sabiam que os frutos estavam recheados com ouro e joias. No ano seguinte, todos se surpreenderam ao ver que o mais pobre dos irmãos era agora muito rico. Olorum, então, disse-lhes: Vocês todos têm riqueza, mas 6 tem prosperidade.
Maria Stella de Azevedo Santos é Iyalorixá do Ilê Axé Opô Afonjá. A cada 15 dias seus artigos são publicados no jornal A TARDE, sempre às quartas-feiras.
Ìbá’se Òsún, o Espírito dos Rios.
Embora o Òrìsà Obatalá seja o Senhor dos Mistérios do equilíbrio e igualdade e o proprietário dos Mistérios dos princípios feminino e masculino, é o Òrìsà Òsún quem é o proprietário das Forças de atração, Ibadana (afinidade), entre o masculino e o feminino. Embora Iyemoja seja o Dono dos mistérios da maternidade, é Òsún que manipula a natureza sexual não só dos ‘buscadores de Deus, mas de todas as criaturas e criações. Como a viagem do rio para o oceano é em última análise, a afinidade entre as criações masculinas e femininas é basicamente para a reprodução. Toda área abdominal é sagrada para Òsún e para que as mulheres, quandam desejam ter filhos devem propiciar o òrìsá para ajudá-las a alcançar seus desejos. Fertilidade é apenas uma das preocupações de Òsún. Este òrìsá também é responsável por todas as doenças abdominais e operações. Apesar de Òsún ser muito preocupada com a “reprodução”, ela é tão ou mais preocupada com as forças avassaladoras e prazeres provocadores que desbloqueiam os potenciais criativos dos princípios feminino e masculino. Òrìsà Òsún Oluwa áwo inu didun ipilese. A Dona dos Mistérios do Princípio do Prazer. Òsún é o Òrìsà do amor incondicional, receptividade e diplomacia. Òsún é associada com o mel, porque o mel é ao mesmo tempo agradável aos sentidos e tem grandes poderes de cura. Òrìsà Òsún incorpora todos os aspectos da natureza sexual da fêmea. Ela é Iwa Wundia (a virgindade), a maturação dos frutos na videira – aproximando a sua disponibilidade para satisfazer a fome e os sentidos de quem tiver a sorte de provar sua doçura. Ela é Iwa Obinrin (O Ser Mulher); encorporando todos os atributos femininos e masculinos de um ser ciente de estar maduro e fornecer a tela sobre a qual o homem pode escrever suas realizações como um homem, ela é o “espelho” que reflete o macho de si mesmo. Se o macho não respeitar, cuidar, elevar, apoiar e proteger a mulher e o fruto do seu ventre, ele só terá sucesso em diminuir a si mesmo. Òsún também é Pansaga Obirin (A Sedutora fêmea) – que através de seus prazeres, pode tentar o homem a arriscar o trono que ele tem, ou inspirá-lo a tomar o trono de outro. Quando o Àse se tornou auto-consciente e Òlódúmarè experimentou a primeira emoção do amor, – o aspecto do Àse que é o Òrìsà Òsún, ‘nasceu’. Um dos símbolos de Òsún é o espelho, mas isso não deve levá-lo a pensar que Òsún representa apenas a beleza externa. Como Mason e Edwards salientaram, “Òsún é a qualidade de uma mulher que emana beleza de tal modo que a visão não é necessária a fim de lhe apreciar.” Ela é: “… a idéia da excelência, tal como refletida por gosto, requinte e delicadeza.” Oríkì Òsún Eu me humilho diante dos mistérios de Òsún. Você é a Deusa do rio. Você é o proprietário dos Mistérios da Civilização. Você é o proprietário dos Mistérios do Amor. Você é o Òrìsà mais bonito. Você é o proprietário dos Mistérios do mel. Você é o proprietário dos mistérios do sexo e intimidade.
Àse.
I Semana de Cultura, Cidadania e Ecologia dos Povos Tradicionais de Terreiros – Por uma Cultura Viva sem Fronteiras
A Rede Nacional de Cultura Ambiental Afro-brasileira promove a I Semana de Cultura, Cidadania e Ecologia dos Povos Tradicionais de Terreiros. O encontro que tem por objetivo promover justiça social e ambiental será realizado durante a Rio + 20, na Cúpula dos Povos, no Aterro do Flamengo, até o dia 23 de junho, no Rio de Janeiro.
A Cúpula dos Povos tem por objetivo alertar o planeta sobre os riscos sinalizados no processo da Rio+20, questionando os limites de compreensão dos líderes políticos e o posicionamento do sistema capitalista acerca das crises que precisam ser enfrentadas neste século XXI.
Comunidades tradicionais, povos de terreiros, povos indígenas, griôs, quilombolas, pontos de cultura, agentes e ativistas culturais se organizam para aproveitar esse espaço de convergência e aglutinação de um amplo Movimento Social da Cultura que se organiza através de diversas redes culturais nacionais e internacionais.
Compreendendo a importância da cultura para pensarmos um novo modelo de envolvimento sustentável de maneira profunda, estrutural e orgânica, o encontro será um espaço aberto para vivenciar, visibilizar, celebrar, apresentar caminhos, trocar saberes, fazeres e tecnologias, intensificar diálogos e propor soluções simples, viáveis e eficientes – muitas das quais são praticadas há séculos pelas comunidades tradicionais – oferecendo assim, conhecimentos e práticas reais para a construção de uma sociedade global baseada na justiça social e no equilíbrio ambiental.
Terreiros Digitais – Durante toda a Cúpula, comunidades de terreiro receberão informações via internet, com o objetivo de propor para a dinamização e o empoderamento dos participantes no debate e disseminação da cultura digital através da ancestralidade. Acompanhe pela Rádio Stream Mojubá, Laroie, Exu! Conexão Oyá Togun, sempre às 18 horas.
Candomblé e Direitos Humanos, Espaço Xangô – Direito Sagrado, Ouvidoria de crimes contra cultura e religião são alguns dos temas tratados pela programação que transmite amplexos radiofônicos emitidos por Terreiros de todo o Brasil.
Programação da I Semana de Cultura:
20 de junho – quarta
9h30 – Roda de Acolhimento de Cultura Tradicional dos Povos de Terreiros 10h – Mobilização Global Mãe Beata de Yemanjá e Wole Soiynka – Mestres de Cerimônias das Culturas Tradicionais
14h – Marcha Mundial dos Povos (Candelária)
18h – Programação Cultural Show Barravento
Grupo Cultural O Som das Comunidades: Entra na Roda
21 de junho – quinta
9h30 – Roda de acolhimento Cultura Tradicional dos Povos de Terreiros e povos das Florestas
10h – Dinamicas Glocais – Cultura, Cidade, território e modelos de desenvolvimento Camilo Bogotá – subdirector de Prácticas Culturales – Secretaría Distrital de Cultura, Recreación y Deporte de Bogotá Edwin Cubillos – Gestor de Cultura Viva Comunitaria – Secretaría Distrital de Cultura, Recreación y Deporte de Bogotá Hamilton Faria – Instituto Pólis (SP) Atílio Alencar – Casa FDE PoA
12h – Intervenção teatral: Centro de Teatro do Oprimido: Direito à Moradia
12h30- Oficina Percussão da Maré
15h – Roda de Conversa – Artes Públicas e Direito à Cidade Amir Hadad – Teatrólogo e Diretor do Grupo Tá Na Rua Reimont Ottoni – Vereador e Presidente da Frente Parlamentar de Cultura da Cidade do Rio de Janeiro Giuseppe Cocco – Universidade Nômade/ UFRJ Zeca Ligiéro- NEPAA/ UNIRIO
Programação Artística:
18h – Tá na Rua ” Santo Antônio de Lisboa e a Sereia do Mar”
20h30 – Up with people
22 de junho – sexta
Kao, Xango!
9h30 – Roda de acolhimento Cultura Tradicional dos Povos de Terreiros e povos das Florestas
10h às 12h -Dança Palco Pequeno – Iara Cassano
13h – Almoço
15h – Assembleia Cultural dos Povos – Direitos Culturais – Cultura como Bem Comum
23 de junho – sábado
14h – Reunião da Rede Nacional de Cultura Ambiental Afro-brasileira Encaminhamentos, finalização de sistematização dos documentos
20h – Festa de Xango
Fonte: Pontão de Cultura Guaicuru
CILADAS NO CAMINHO DA ASCENSÃO ESPIRITUAL
Autores de livros de autoajuda frequentemente listam coleções de atitudes e sentimentos que resultam em entraves para a trajetória daqueles que se empenham na sua evolução espiritual. Aqui vai a nossa lista de observações para o seu autoexame, com itens que consideramos perigosas armadilhas sempre à espreita do Ego desavisado e que podem conduzir a enganos, resultando em grande perda de tempo na senda:
1. Não reconhecer a negatividade do seu Ego como fonte primeira de todos os problemas, tudo atribuindo a fatores exteriores. Deixar de vigiar e educar de modo correto o seu Eu Interior, mergulhando intensamente na vida espiritual e tudo ao sobrenatural atribuindo, em desconsideração ao aspecto psicológico da sua personalidade.
2. “Amar” aos outros, descurando a si mesmo. Utilizar o álibi do “serviço ao próximo”, ignorando as responsabilidades para consigo próprio e para com os seus dependentes imediatos. Quem não ama a si mesmo é incapaz de amar a quem quer que seja. Só compartilha quem dispõe de algo a ser compartilhado. A Escola Terra destina-se ao burilamento do Eu Divino que se encontra em estado bruto e revestido por camadas egóicas no interior de cada um.
3. Comer incorretamente, ignorando a constituição química do seu corpo físico. Acreditar que numa alimentação que restrinja o prazer degustativo, ou no jejum, encontrará as chaves mágicas da ascensão espiritual. Não praticar exercícios físicos para cuidar do corpo físico que, afinal, é o nosso instrumento principal. Tender para o ascetismo e desligar-se demasiadamente das coisas da Terra, vitais para a nossa experiência em matéria. Identificar-se excessivamente com seus corpos mental ou emocional, sem ter ainda atingido o equilíbrio necessário. Considerar-se evoluído demais para estar na Terra, ao invés de tentar contribuir para uma mudança de paradigma aqui e agora.
4. Exercer domínio sobre os outros através de ameaças e manipulações, sufocando as manifestações do seu livre-arbítrio. Deixar-se enredar pelo glamour e ilusão dos próprios poderes, acabando por esquecer o amor incondicional – onde reside o poder espiritual supremo. Ter a pretensão de acreditar e assegurar que está no “final da roda encarnações”.
5. Tornar-se um extremista fanático, sem enxergar o equilíbrio do caminho do meio. Buscar argumento e justificativa nos dogmas das religiões formais, sem exercer com lucidez o seu próprio discernimento. Apoiar-se e depender da figura de um sacerdote ou guru como intermediário entre si e o Divino.
6. Tornar-se sisudo, autoritário e formal, a ponto de privar-se da alegria e da diversão. Mascarar tranquilidade e suavidade, enquanto a presunção interior ferve com irritação e intolerância.
7. Ser indisciplinado nas suas práticas espirituais, abandonando-as quando se envolve num relacionamento amoroso e conferindo prioridade a ele, em detrimento do seu processo interno.
8. Esperar que Deus, os Mestres ascensionados - ou seja lá quem for – resolvam todos os seus problemas, intercedam pelas suas dívidas cármicas ou assumam as suas responsabilidades. Acreditar que alguém teve o privilégio de nascer “pronto” e que os Seres e Mestres ascensionados não trilharam o mesmo caminho dos desafios, provas que a evolução requer.
9. Convencer-se de que o sofrimento e o cultivo da pobreza são méritos que poderão acelerar a sua evolução ou engrandecê-lo espiritualmente. O trabalho eficiente que produz frutos e riqueza que a muitos beneficia é uma bendita missão na Terra. Cada um tem o direito de honrar o seu próprio esforço e reconhecer o seu valor. O manto da humildade costuma servir de disfarce para a arrogância e o orgulho exacerbado. Falsa humildade não deve ser confundida com elevação espiritual. Quem conhece a sua verdadeira e ínfima dimensão perante o Divino, não precisa mascarar humildade, inferiorizando-se perante os seus semelhantes.
10. Não fechar o seu campo energético, convencido de que “as boas intenções” o tornam imune a todas as influências negativas. Achar que, partindo da premissa de ser merecedor, seus desejos e pedidos devem ser sempre “atendidos”. Ser bem-sucedido é muito gratificante, mas o objetivo principal da vida não é a obtenção de tudo o que se deseja.
11. Viver na zona de conforto relaxando a vigilância sobre suas falhas, acreditando que está imune a quedas e retrocessos.
12. Ler demais, não meditar o bastante e colocar em prática menos ainda.
13. Considerar uma grande honraria poder servir como canal para entidades de outros planos, ao invés de expressar a sua própria voz. É preciso estar ciente de que, mesmo o mais evoluído dos Seres – da Terra ou de outro orbe – não detém o conhecimento total ou poderes ilimitados. Esta é uma prerrogativa da Divindade Suprema – que comanda todo(s) o(s) Universo(s) com seus muitos trilhões de galáxias.
14. Forçar a elevação da sua kundalini e a abertura dos chakras, sem ter ainda o necessário amadurecimento em outros aspectos, como se isso, por si, assegurasse o acesso ao “nirvana”. Portanto, o ideal é procurar equilibrar e integrar intuição, intelecto, sentimento e instinto, cada qual na sua devida proporção e valor.
15. Considerar o seu caminho espiritual – quando não o único-melhor do que o dos outros e aferrar-se a este caminho como Verdade única e definitiva, sem considerar que as vias são inúmeras e que a impermanência é constante no Universo manifestado. É preferível abster-se de discussões ou da pretensão de, no entusiasmo das suas experiências, convidar o outro a experimentar as vivências que são suas. Para cada patamar há afinidades próprias e experiências particulares.
16. Julgar as pessoas em função da sua antiguidade na senda espiritual ou do nível de iniciação que alcançaram. Gabar-se das próprias façanhas espirituais ou das dos seus mentores e guias. Forçar com ansiedade as próximas etapas, ao invés de concentrar-se na realização do trabalho – e nos dissabores – da etapa atual.
17. Competir, comparar-se com outras pessoas e acabar invejando o sucesso alheio, ao invés de perceber que somos únicos, com dons e potencialidades próprias, cada qual segundo circunstâncias e vivências específicas. Por fim, jamais esquecer que o Caminho é individual e, portanto, solitário. Não se imbuir da busca infrutífera de uma eventual “alma gêmea”, sem perceber que a sua própria Alma – a Mônada – dispõe de ambas as polaridades para se complementar plenamente.
Por Òya gbémi – Eliane Haas
Ìyá Ègbé Ilè Àsè Efunlase
Sasányìn – O culto as folhas sagradas.
Em uma casa de candomblé, um dos elementos principais e que requer grande sabedoria são as folhas. Sem esse entendimento não haverá a presença do Orixá, o velho provérbio das casas: Kossi ewé, kossí Orixá! Sem folha, sem Orixá.
Ter o conhecimentos das folhas que vão participar dos banhos purificatórios, combiná-las com suas propriedades específicas adequadas a cada Orixá, a cada Orí na confecção do adòsú, na preparação da enin do futuro iyawo como forma de proteção e fortalecimento, no àgbo do banho do iyawo para purificá-lo, como também como bebida e remédio e o próprio transe na incorporação da energia, estabecendo equilíbrio e inconciência. A quantidade de folhas no àgbo varia de casa para casa podendo ser quatro folhas ou múltiplos de quatro e combinando a essência.(quente/fria, macho/femea).
O Olosányìn é o responsável pelas ervas, folhas e vegetais em geral, este cargo está diretamente ligado aos zeladores da casa, dada a sua importância e responsabilidade, caso não existe um Olosáyìn ou Babalossayìn, o próprio Babalorixá ou Iyalorixá cumprirá essa função, não podendo delegar a outro filho.
As folhas quando chegam na casa devem primeiramente descansar por algum tempo, depois devem ser bem lavadas por quem irá macerá-las, são colocadas sobre as enins para que o Babalorixá ou Iyalorixá possa rezá-las com cântigos das folhas ou de cada fôlha especificamente de frente para os iywos que se encontram de surrão. O Babá ou Iyá abrirá um Obí, confirmará as folhas escolhidas, mastigará o obí espargindo sobre as folhas, conectando seu hálito, seu axé, suas palavras mágicas, para logo depois soltar as folhas para macerar, separando os galhos, caules e folhas feias para o lado, em silêncio, com uma vela acesa à frente, sem pressa e rápido. Vale ressaltar que após a masseração, o banho descansa um pouco e o que sobrou do banho, já cuado, irá para o ajubó de Òssayìn da casa, para depois ser despachado nas águas do rio ou mato.
Todas as obrigações, além da iniciação, em que tiver sacrifício de animais de quatro pés, serão sempre precedidos dessa liturgia sagrada, e também, sempre com louvação a Pai Ossayìn, no qual chamamos comumente de Sasányìn ou seja Asá Òsányìn, que são feitos no primeiro dia após iniciação, no terceiro e sétimo dia. Há também o ebó de carrego de toda a obrigação que o próprio Iyawo participa que é entregue a Exú Òdàrà em seu ilê, para que de tudo certo e proporcione tranquilidade aos rituais secretos internos do axé.
Òsányìn Elesekan, Irúmalé àgbénigi, Òsányìn Onísegùn Ewé ó Asà! Orún ejé.
“Korin Ewé”, isto é, cantar Folhas em louvar a Ossayìn, aos animais que participaram da obrigação, aos Babás, Iyás, ancestrais, aos egbons, sua raiz e axé, Ogans e Ekedis, aos Orixás e ojubós da casa, a Orunmilá e por fim a Oxalá. Finaliza-se o culto com os cântigos das três águas de axé, reverenciando o Màrìwò e Ósányìn.
“Ògbèri nko mo Màrìwò” – O não-iniciado não pode conhecer o mistério do Márìwò.
Algumas casas tradicionais tem um esquema fixo de folhas combinadas para banhos de àgbo pra casa, para obrigação, para o Axé, para o osé, etc.
Um dado litúrgico importantíssimo é que as folhas acompanham os assentamentos de todo e qualquer Orixá quando estes vão comer, acomodando o assentamento, como também o Igbá Orí quando o Orí vai comer. As folhas combinam de uma forma mágica misturadas e essencialmente equilibradas.
Pai Òssayìn gosta de um fumo de rôlo no cachimbinho de barro, se disfarça num lagarto, num galho seco que passarinho pousa, pula numa perna só, gosta de vinho de palma, fradinho torrado com mel, frutas, alquimista, solitário e um grande Pai que está presente dentro do axé das casas ketu/Nagô. Sãos as folhas secas que nos fornecem um bom defumador para inúmeras finalidaes, são com folhas que fazemos vários tipos de ebós de sacudimento de egun, e quantas dietas fazemos com folhas? vários comidas de Orixás.
Ewé Òrìsà!
Fernando D’Osogiyan
Ọrúnmìlá e a perseverança.
Ọrúnmìlá recomenda perseverança em tudo o que seus seguidores fazem. Vocês não poderiam em sua própria vontade vingar alguma ofensa feita a eles pelos outros. Ele não quer seus seguidores envolvidos em ações diabólicas, especialmente aquelas que objetivam a destruição de outras pessoas. Ele avisa nos poemas, que aqueles que tomarem as almas de outros, também pagarão com suas próprias almas ou com as almas de seus filhos e netos. Ele insiste que a posição dele é a melhor para proteger seus filhos, caso eles não resolvam tomar as leis da natureza em suas próprias mãos. Ọrúnmìlá insiste em que se alguém planeja a morte contra seus filhos, ele certamente fará com que a conspiração não tenha sucesso.
Contudo se seus filhos revidarem planejando também a morte ou a ruína daqueles que o ofenderam, Ọrúnmìlá rejeitará a justificação dos argumentos nos casos de cada filho, quando as divindades se reunirem em julgamento sobre a questão. Nenhuma questão é estabelecida sem ter sido determinada pelas divindades. Estas por sua vez, não condenam ninguém sem um julgamento limpo. Mas se alguém adquire por preempção ao julgamento divino pela lei do retorno, olho por olho, ele perde a justiça de sua causa. Ọrúnmìlá recomenda que seus seguidores tenham conhecimento de qualquer um que queira planejar o mal contra eles, sua primeira reação será ir ao oráculo a fim de descobrir se a pessoa terá sucesso.
Frequentemente se o peso da culpa está dentro da outra pessoa, será dito que o inimigo não o vencerá. Se por outro lado, o peso da culpa se inclina levemente contra você, você será orientado durante a consulta oracular no sacrifício o qual deverá fazer a fim de que a conspiração maléfica contra sua força pessoal não tenha sucesso.
Ao invés de fazer sacrifício, algumas pessoas preferem ainda os atos vingativos através da ida aos feiticeiros para preparar remédios mortais, com os quais combaterem o inimigo. Em alguns casos, se Ọrúnmìlá vê que o remédio que seu filho está preparando contra seu inimigo fará a ele algum mal e o mesmo obterá repercussão dolorosa no desenrolar, ele neutralizará a força do remédio e o tornará inútil.
Diante desta situação a pessoa forte começa a se questionar se o feiticeiro o enganou. Ele não o fez.
Ọrúnmìlá tem apenas demonstrado para seus filhos que destruir algum inimigo é destruir a si mesmo. Se você aponta um dedo na direção do seu inimigo, os quatro restantes, os quais são em maior número e simbolizando o eco, estão apontando para você. Ọrúnmìlá ilustrará que alguém que cava a sepultura de seus inimigos está ao mesmo tempo cavando sua própria. Este é o motivo de que a oração frequente de Ọrúnmìlá é para o bem dos amigos, inimigos, feiticeiras, divindades, irmãos e irmãs, assim que por esta razão aqueles que lhe desejam mal talvez não o alcancem.
Ele defende que é frequentemente muito recompensador para você orar por um inimigo que está planejando o mal contra você do que quando as divindades se unem para solucionar o caso, o peso da probidade estará ao seu lado. É melhor ter o suporte das divindades em certa situação do que atrair sobre si a sua reprovação.
Por: Áwo Ifálolá
Quem vencer o inimigo interno não deve temer o inimigo externo
Aqueles que adoram òrìsá estão empenhados em encontrar uma maior consciência de si e do mundo. Ifá ensina que este caminho tem suas raízes no processo de superação do medo. Há aqueles que vivem com medo e perpetuam este medo em vez de encontrar o seu destino. Ifá como a maioria das tradições espirituais, ensina que o medo é superado pela coragem. Não há maneira fácil de acessar a coragem e a cada confronto com o medo envolve uma ação, apesar do medo. Ifá reconhece que uma das maneiras mais fáceis de evitar o medo é sufocá-lo.
Por exemplo, se alguém está com medo de falhar, enquanto procura um emprego, argumentando que o medo pode negar que não há empregos disponíveis. Os psicólogos chamam esse processo de “deriva”.
Um elemento-chave na vida em harmonia com o òrìsá é a capacidade de identificar, apoiar e transformar esses medos internos que impedem a ação.
Este provérbio é muito claro em afirmar que uma vez que os medos interiores forem superados. os medos que ocorrem no mundo exterior tornam-se insignificantes. Um dos rituais usados para desafiar o medo é a invocação de Ogum. A invocação é seguida por um pedido a Ogum para que os obstáculos que estão no caminho sejam removidos para o fortalecimento do destino pessoal. Quanto mais eu sabia que Ogum era reverenciado na África por este motivo, mais claro também ficava para as pessoas que atendiam a este chamamento a Ogum, a surpresa ficava em descobrir que os obstáculos são internos e não externos.
Em termos literais a obstrução é imaginária e não real. De acordo com as escrituras de Ifá, os obstáculos criados são chamados de “demônios” imaginário ou em nossa cultura chamamos de Elenini. Os demônios imaginários são difíceis de dissipar, porque eles permanecem ilusórios, sempre mudando de forma, pouco antes de uma real transformação ocorrer. Eu acho que muitas pessoas que disseram que queriam ter sucesso em suas carreiras, mas nunca fizeram progressos concretos, freqüentemente tinham muitas desculpas para esta situação, normalmente focavam em exemplos reais de tratamento injusto.
Quando a divinação indica que a questão principal é o medo do sucesso, a mensagem pode ser muito difícil de ser aceita. Na minha experiência, aqueles que não aceitam que o seu problema é o medo, geralmente são aqueles que não progridem.
Por Awo Fatumnbi
Os Orixás
Os orixás são deuses africanos que correspondem a pontos de força da Natureza e os seus arquétipos estão relacionados às manifestações dessas forças. As características de cada Orixá aproxima-os dos seres humanos, pois eles manifestam-se através de emoções como nós. Sentem raiva, ciúmes, amam em excesso, são passionais. Cada orixá tem ainda o seu sistema simbólico particular, composto de cores, comidas, cantigas, rezas, ambientes, espaços físicos e até horários.
Como resultado do sincretismo que se deu durante o período da escravatura, cada orixá foi também associado a um santo católico, devido à imposição do catolicismo aos negros. Para manterem os seus deuses vivos, viram-se obrigados a disfarçá-los na roupagem dos santos católicos, aos quais cultuavam apenas aparentemente.
Estes deuses da Natureza são divididos em 4 elementos – água, terra, fogo e ar. Alguns estudiosos ainda vão mais longe e afirmam que são 400 o número de Orixás básicos divididos em 100 do Fogo, 100 da Terra, 100 do Ar e 100 da Água, enquanto que, na Astrologia, são 3 do Fogo, 3 da Terra, 3 do Ar e 3 da Água. Porém os tipos mais conhecidos entre nós formam um grupo de 16 deuses. Eles também estão associados à corrente energética de alguma força da natureza. Assim, Iansã é a dona dos ventos, Oxum é a mãe da água doce, Xangô domina raios e trovões, e outras analogias.
No Candomblé cultuam-se muitos outros orixás, desconhecidos por leigos, por serem menos populares do que Xangô, Iansã, Oxossi e outros, mas com um significado muito forte para os adeptos dos cultos afro-brasileiros. Alguns são necessariamente cultuados, devido à ligação com trabalhos específicos que regem, para a saúde, morte, prosperidade e diversos assuntos que afligem o dia-a-dia das pessoas. Estes deuses africanos são considerados intermediários entre os homens e Deus, e por possuírem emoções tão próximas dos seres humanos, conseguem reconhecer os nossos caprichos, os nossos amores, os nossos desejos. É muito frequente dizer-se que as personalidades dos seus filhos são consequência dos orixás que regem as suas cabeças, desenvolvendo características iguais às destes deuses africanos.
Apresento a seguir as descrições dos 16 Orixás mais cultuados. Recordo no entanto que existem diversas correntes no Candomblé e por essa razão as informações poderão ser diferentes de acordo com a tradição ou região.
Parabéns, Mãe África!
Perdoe-nos, Mãe África,
por termos subjugado seus povos
suas religiões, culturas, hábitos e tradições
Impondo-os o que julgávamos civilizado
e aceito pelo Deus que os obrigamos a conhecer e adorar.
(Poema de Pollyana Almie)
por termos subjugado seus povos
suas religiões, culturas, hábitos e tradições
Impondo-os o que julgávamos civilizado
e aceito pelo Deus que os obrigamos a conhecer e adorar.
(Poema de Pollyana Almie)
O dia 25 de maio foi instituído pela ONU como o “Dia da África”. A efeméride foi criada em 1972 para simbolizar toda a luta do povo africano pela sua independência e emancipação.
Casa do Oxumare.
Amarrações
Este é um dos temas mais polémicos de que podemos falar, não só no enquadramento do Candomblé, como de qualquer prática religiosa que utilize rituais de magia.
Cabe em primeiro lugar salientar que a magia, como tudo na vida, tem o seu lado bom e o seu lado mau, ou se preferir-mos, o seu lado positivo e o seu lado negativo, e cabe a cada um de nós escolher a utilização que lhe queremos dar.
Está na natureza humana a constante luta por conseguir tudo aquilo que pretende, desde os objectivos mais elevados, até àqueles que nem vale a pena descrever… de tão ignóbeis que podem ser. E uma vez mais, aqui, também é a nossa escolha que prevalece. Somos nós que escolhemos as nossas metas e os nossos objectivos, e por isso, cabe-nos a nós também escolher os meios. E se não é tão questionável que os fins justifiquem os meios, devemos de facto preocupar-nos com os meios que escolhemos para atingir os nossos fins, porquanto, pelo caminho, estão quase sempre em jogo pessoas… e até vidas!
Particularmente no Candomblé, e porque esta página a ele é dedicada, a prática de rituais de magia é uma constante, mas, vamos então analisar como ela é utilizada, por quem e para que fins.
Os Ebós, as Oferendas e as Simpatias, são algumas das formas de magia que utilizamos, mas estes, todos eles sem excepção, foram criados originalmente com o intuito de corrigir alguma situação errada na vida de uma pessoa e para tal pode-se recorrer ao auxílio de diversas entidades; em primeira linha aos Orixás e depois, a outras entidades, que pelo seu estado evolutivo e pelas suas características, se assemelham mais a nós, humanos – aqui enquadram-se os Exús pagãos, as Pombagiras e os Caboclos – e estão de facto num plano mais próximo de nós.
Qualquer destas entidades pode ser uma mais valia na vida de uma pessoa, pois o seu auxílio chega sempre, e se devidamente tratados são nossos aliados preciosos.
Mas a magia, como já referi, também tem as duas faces da moeda, e a quem a pratica, é necessário, diria mesmo essencial, conhecer os dois lados, tornando-se mais uma vez necessário escolher o lado que se vai utilizar, e esse lado deve ser sempre o lado positivo e construtivo.
Poderíamos aqui, a título de exemplo, encarar como um veneno, que pode ser utilizado e para o qual é sempre necessário conhecer o antídoto: é do próprio veneno da cobra que se criam os antídotos que são utilizados para curar quem é picado por ela - na magia, grosso modo, também temos que conhecer tanto o veneno como o antídoto, porque para se tratar ou curar alguém que tenha sido atingido pela magia negativa, é necessário saber contrapor.
Obviamente, não vou aqui explicar – nem o poderia fazer – os detalhes desse conhecimento, o importante é que fique claro que quem mexe com um lado tem que conhecer o outro. Um dos magos mais conhecidos de sempre, São Cipriano, começou por ser um dos melhores magos que já se conheceram a manejar a chamada Magia Branca, mas de igual modo, mais tarde na sua vida, virou, e tornou-se um dos mais temidos e eficientes magos da Magia Negra. Também para ele isto só foi possível porque tinha conhecimento verdadeiro e profundo de como os dois lados funcionam.
Portanto, assim como se pode Amarrar, também se pode sem dúvida Desamarrar, mas isto só é possível a quem tenha verdadeiros e fundamentados conhecimentos.
Convenhamos no entanto que não são muitos aqueles que estão verdadeiramente capacitados para isto, portanto, quando pensar em fazer ou solicitar uma Amarração, pense, não duas, não três vezes, mas muitas vezes naquilo que está a pedir, pois você jamais terá a garantia de que o seu pedido possa ser atendido
Ao fazer uma Amarração, você não só estará a pedir algo para si, como estará a mexer com a vida de outra pessoa, e de alguma forma forçando-a a agir de uma maneira que ela muito provavelmente não quer, não de forma voluntária e consciente. Quando isso acontece, muita coisa se altera, e por vezes os resultados não são nada satisfatórios e são até perniciosos para a vida das pessoas envolvidas.
Imagine uma situação em que você quer muito ficar com uma outra pessoa e faz uma Amarração para conseguir o seu intuito. Imagine agora que uma segunda pessoa está interessada nessa mesma pessoa para quem você fez a Amarração e resolve também, para conseguir o seu intuito, fazer também uma Amarração. Como é que fica essa pessoa que está pelo meio? E você, vai conseguir o seu intuito? Ou é a outra pessoa que vai conseguir?
Este tipo de situação não é inédito, é até cada vez mais comum, dado que são cada vez em maior número as pessoas que recorrem a este tipo de magia (embora a maioria jamais vá admitir que o fez!), e garanto que daqui não sai nada de bom para nenhuma das partes envolvidas, só confusão e mais confusão e muita dor. Cria-se assim um ciclo vicioso, e nenhuma das partes vai sair a contento.
Ainda que posteriormente seja feita a magia para Desamarrar, entretanto, já muita coisa aconteceu que não tem retorno e já nada voltará a ser como era antes, ainda que a Desamarração seja um sucesso. Amarração mexe com o destino da pessoa, e nós simplesmente não temos o direito de impor a nossa vontade na vida e no destino dos outros. Esta forma de utilizar a magia não é de todo uma forma positiva. Está na hora de todos perceber-mos isto e agir-mos em conformidade.
Gostaria, de uma vez por todas, que os verdadeiros adeptos e/ou praticantes do Candomblé, independentemente do posto que ocupem, se negassem determinadamente a aceitar este tipo de trabalhos que constantemente nos pedem, ou sequer de pensar neles como uma solução para as nossas vidas, porque não é de facto uma solução; mais que não seja, pelas consequências kármicas que lhes são inerentes e que o nosso lado espiritual jamais deve esquecer – chama-se Lei do Retorno!
Há sempre uma forma diferente de ajudar as pessoas… pelo lado positivo!
Axé!
Há sempre uma forma diferente de ajudar as pessoas… pelo lado positivo!
Axé!
Hoje eu queria falar da fé
Hoje eu queria falar da fé.
Da fé que creio ser a força motriz de tudo e da minha fé na atuação das forças invisíveis, dos meus orixás na vida.
Nos últimos tempos venho me colocando – de forma bastante cuidadosa – nos lugares das pessoas próximas a mim, venho tentando imaginar/sentir como são algumas dores sentidas por elas e o tamanho dessas dores longe de serem dores físicas. Algumas dores são pequenas, outras de um tamanho que por mais que eu tente, eu não consigo mensurar, pois seria invadir um mundo que não é meu, uma vida que eu não vivi. Porém, assim como todos, de uma menor ou de uma maior forma, eu também senti dor: a dor do fracasso, a dor do medo, a dor do fim do amor, a dor da perda, a dor da despedida, a dor que dói no outro e agente queria que fosse na gente…
A gente passa por essa vida, percebe que nela há diversas cores, que o vento é brisa, que a terra fria acalma, que a água fertiliza, que há sorrisos, que há música e quando nos faltam pessoas, ainda assim, não estamos sós, pois temos o nosso orixá. Mas ainda assim, dentro dessa complexidade gigante e quase incompreensível que é a natureza humana, há a dor, há a possibilidade do sofrimento, há o desespero que tenta matar a esperança. E neste túnel longo do desespero, escuro, áspero existe sempre uma luzinha, às vezes forte, incandescente, às vezes fraca, quase apagada: a fé.
Outro dia em conversa com o pai Fernando, falei que a fé é como m ãe e pai, no sentido de cuidado mesmo, de cuidado incondicional, de cuidado que não abandona, que dá a vida pelo filho, que está lá mesmo que não receba o respeito que merece, mesmo que não seja valorizada da forma que merece, mas está lá do nosso lado, disposta a nos acalentar, a nos por no colo, nos proteger e nos dar força. Força pra qualquer coisa: pra continuar numa batalha ou aceitarmos a derrota. É, meus irmãos, às vezes perder é inevitável até pra nós que temos muita fé, que alimentamos a nossa fé, que temos orixá como princípio norteador…
Acho engraçado quando alguns leigos e até religiosos nos questionam sobre os percalços da vida como se nós fossemos privilegiados e por sermos privilegiados não deveríamos passar por dificuldades. E até duras dificuldades.
Afinal, desde quando orixá ensina que a vida é fácil?
Eu vivi e vivo o riso e o choro com os orixás, eu vivo o momento de agradecimento, de sentimento de plenitude, de sorrisos com os orixás, mas vivo o momento do choro, o momento do desespero, o momento da dor. Vivo também aquele momento que muitos como eu já viveram de deitar o Ori pra chorar aos pés do orixá, se sentir abraçada, acalentada por ele e levantar não com o problema resolvido, não com a dor curada, mas com força; com força e fé revigoradas pra seguir adiante, pra olhar para a vida, saber que ela não é perfeita, porém é o que tenho de maior recebido por Olorun e é nela que eu tenho que fazer o meu melhor, lutar com toda a garra, amar com todo o amor, sorrir com todo o sorriso, abraçar com todo abraço, viver com toda vida e acreditar com toda fé.
Pensamos, no auge da turbulência, que não passa, mas passa. Pode demorar dois meses ou dois anos, mas passa. Tudo passa. E com fé, com as boas energias dos orixás, tudo vai se amenizando e a nuvem cinza, carregada, que chega pra nublar as nossas vidas, passa. Abrimos as nossas janelas e percebemos o céu azul aparecendo timidamente, mas ele aparece. E daí para vermos o arco-íris que Oxumarê nos deixa como sinal de que outros ciclos estão chegando é mais fácil. Então aos poucos, através das nossas janelas e do novo olhar que nos chega, percebemos o vento nos convidando, o barulho das águas nos mostrando fluidez e transformação, as árvores nos mostrando continuidade.
Os orixás cuidaram de nós durante a dor, a turbulência, o sofrimento; agora estão reabrindo os nossos olhos, renovando os nossos olhares e mostrando que não somos fracos para desistir, que eles estão sempre a postos para trazer cor e a capacidade do recomeço.
Portanto, hoje peço, rezo e elevo este pedido aos orixás para que nós sempre tenhamos esta sensibilidade, esta capacidade de acreditar na fé, de sentir o “Calma, filho” vindo do orixá, pois não estamos sós. Olorun deu-nos uma vida, um mundo e uma grande força: o orixá.
Axé.
REFLEXÃO
Um Yawo(feito no Santo) pediu αos Òrìsàs um emprego, e umα mulher que o
αmαsse muito.
No diα seguinte, αbriu o jornαl e tinhα um αnuncio de
emprego.
Ele foi, viu α filα muito grαnde e disse: eles são melhores
do que eu, e foi emborα.
No cαminho e já dentro do ônibus, um gαroto
lhe deu umα rosα, ele chαteαdo
jogα α rosα forα . e αo chegαr em cαsα
brigα com os Òrìsàs ..
É αssim que me trαtαm?
É αssim que me
αmαm?
E vαi dormir. Em sonho Oxala lhe diz: O emprego erα seu,
mαs
vc não confiou e disistiu αntes de lutαr; αquelα rosα foi eu que te
dei...
inspirei αquelα criαnçα α lhe dαr!!!
O αmor dα suα vidα,
estαvα sentαdα αo seu lαdo em
vez de vc dαr α rosα α elα vc α jogou
forα.
vc entendeu como os Òrìsàs αgem nα suα vidα?
Eles αbrem αs
portαs te mostrα o cαminho mαs α tuα fé e
tão poucα que desiste no
primeiro obstαculo.
Não desistα confie nos Òrìsas, como eles
podem αgir nα suα vidα. Os obstαculos
existem pαrα ver αté onde vαi α
tuα fé
Atabaque, N’goma ou Ilú
Ng’oma ou ngoma (expressão que significa “tambores”) é o tambor típico encontrado em toda a África bantu, construído esticando uma pele de animal sobre um cilindro de madeira. O seu uso foi levado pelos escravos negros por todo o mundo. No Brasil é usado nas cerimónias do candomblé.
É semelhante às congas.
O Atabaque de Origem Africana, hoje muito utilizado nos cultos aos Jinkisi – Orixás e Voduns, de religiões também de origem afro, É na verdade o caminho e a ligação entre o homem e e seus Jinkisi”, os toques são o código de acesso e a chave para o mundo espiritual. Existe informação sobre o atabaque escrita sob duas perspectivas diferentes:
Obtido em “http://pt.wikipedia.org/wiki/Atabaque“
De origem africana, o atabaque é usado em quase todos rituais afro-brasileiro, típico do Candomblé e da Umbanda e de outros estilos relacionados e influenciados pela tradição africana. De uso tradicional na música ritual e religiosa, empregados para convocar os Jinkisi.
O atabaque maior tem o nome de RUM o segundo tem o nome de RUMPI e o menor tem o nome de LE.
Os atabaques no candomblé são objetos sagrados e renovam anualmente esseAxé. São usados unicamente nas dependências do terreiro, não saem para a rua como os que são usados nos Afoxés, estes são preparados exclusivamente para esse fim.
Os atabaques são encourados com os couros dos animais que são oferecidos aos Jinkisi, independente da cerimônia que é feita para consagração dos mesmos quando são comprados, o couro que veio da loja geralmente é descartado, só depois de passar pelos rituais é que poderá ser usado noterreiro.
O som é o condutor do Axé do Jinkisi, é o som do couro e da madeira vibrando que trazem os Jinkisi, são sinfonias africanas sem partitura.
Os atabaques do candomblé só podem ser tocados pelo Alagbê (nação Ketu), Xicarangoma (contração de Kuxika ria N’goma ou tocadores de atabaque – nações Angola e Congo) e Huntó (nação Jeje) que é o responsável pelo RUM (o atabaque maior), e pelos ogans nos atabaques menores sob o seu comando, é o Alagbê que começa o toque e é através do seu desempenho no RUM que o Jinkisi vai executar sua coreografia, de caça, de guerra, sempre acompanhando o floreio do Rum.
Os atabaques são chamados de Ilú na nação Ketu, e N’goma na nação Angola, mas todas as nações adotaram esses nomes Rum, Rumpi e Le para os atabaques, apesar de ser denominação Jeje.
Essa é a diferença entre o atabaque do candomblé e do atabaque comoinstrumento musical comprado nas lojas com a finalidade de apresentações artísticas, que normalmente são industrializados para essa finalidade.
Enfim, Os jingoma (plural de Ngoma) ou Atabaques ou Ilús, como vimos são objetos sagrados, e com a capacidade de com seus toques e vibrações, convocar o N’kisi, Vodum ou Orixá a terra.
Jurema, a árvore sagrada
Desde o século XVI, documentos escritos pelo colonizador e narrativas deixadas por cronistas e viajantes relatam rituais mágico-religiosos encontrados entre populações indígenas do nordeste brasileiro, em que bebiam, fumavam, manipulavam ervas, invocavam seus antepassados. Um desses escritos descreve a santidade do Jaguaripe ocorrida no sertão baiano por volta de 1583, evidencia um processo de religiosidade sincrética nascida no encontro entre missionários e índios e revela relações de dominação-subordinação entre nativos e portugueses. O culto aos maracás da santidade reproduz a crença de que os maracás abrigavam os espíritos, sendo adorados e idolatrados através de cantos, danças e do uso do tabaco. Apresenta-se simbolicamente como uma forma de resistência da população indígena contra a colonização portuguesa.
Um outro documento menciona o falecimento na prisão, em 1758, de um índio da aldeia de Mepibu, no Rio Grande do Norte, preso por ter feito adjunto de jurema, cerimônia coletiva com fins religiosos e terapêuticos, em que dançavam, fumavam cachimbo e bebiam jurema. Em 1816, o viajante inglês Henry Koster observa uma dessas cerimônias realizadas nos arredores de Olinda e descreve que havia um grande vaso de barro no centro da cabana em torno do qual dançavam homens e mulheres e o cachimbo era passado entre os participantes.
A prática da jurema nordestina, também conhecida como catimbó, é parte de um longo processo de transformação e assimilações culturais que se difundem pela região, sendo encontrado nas comunidades indígenas e no interior de diferentes religiões afro-brasileiras, como o candomblé, o xangô e a umbanda. A jurema compõe um complexo de concepções e representações em torno da planta jurema e se fundamentam no culto de possessão aos mestres, cujo objetivo é curar os doentes e resolver os problemas práticos da vida cotidiana, como os infortúnios amorosos e profissionais. Como ressalta Roger Bastide, o que conta “são os desejos ou as necessidades individuais, é a vida cotidiana com suas doenças, seus romances de amor, seus ganhos, suas tristezas e seus sonhos de um futuro melhor”. Esse complexo inclui ainda a bebida preparada com a casca da jurema e o uso da fumaça dos cachimbos nos rituais.
O culto tem por base um sistema mitológico no qual a jurema é considerada árvore sagrada e, em torno dela, dispõe-se o “reino dos encantados”, formado por cidades, que por sua vez são habitadas pelos “mestres”. Uma outra explicação mitológica apresenta uma visão cristã quanto às origens do culto ao afirmar que, antes do nascimento de Deus, a jurema era tida como uma árvore comum, mas, quando a virgem, fugindo de Herodes, no seu êxodo para o Egito, escondeu o menino Jesus num pé de jurema, que fez com que os soldados romanos não o vissem, imediatamente, a árvore encheu-se de poderes sagrados, justificando, assim, que a força da jurema não é material, mas espiritual, dos espíritos que passaram a habitá-la.
O mestre é a entidade espiritual central da jurema nordestina. Os mestres são falecidos juremeiros que detinham os conhecimentos de sua prática. Segundo Mário de Andrade, no século XVII, em Portugal, os feiticeiros curadores eram chamados de mestres. Nas cerimônias da jurema, também se denomina mestre o dirigente de uma sessão. Os mestres vivos incorporam os mestres mortos que habitam as cidades sagradas da jurema, ligando esses dois mundos por meio do transe. Os mestres seriam espíritos curadores que, em vida, conheceram os segredos das plantas curativas e que são convocados para trabalharem em uma sessão, a fim de aliviar os sofrimentos humanos. Cada um tem uma linha, que é representada pelo cântico entoado pelo dirigente da sessão e que precede sua visita a terra. O canto é uníssono e acompanhado pelo maracá. A linha resume a ação sobrenatural, as excelências do poder e a sua especialidade técnica. Com fisionomia própria, gestos, voz, manias, predileções, cada mestre narra as suas aventuras, conta o seu nome e a sua vida. Ele possui a semente, o sinal de sua legitimidade e autenticidade, eficácia e poder sobrenatural.
Além dos mestres, outra categoria de espírito é significativa, o caboclo, ao qual se atribui identificação indígena e conhecimento de ervas e raízes. São muitas as entidades espirituais cultuadas no universo da jurema, entre elas: Mestre Carlos, Mestre Seu Zé Pilintra, Manoel Cadete, Mestra Faustina, Mestre Germano, Mestra Luziara, Mestra Maria do Acais, Mestre Malunguinho, Mestre Pilão, Negro Gerson, Cabocla Jurema, Caboclinho da Jurema, Caboclo Pedra Preta, Índio Pena Branca, Japiassu, Rei Canindé, Rei de Urubá, Rei Salomão.
A prática da jurema continua vivenciando processos de reelaborações, adquirindo outros elementos simbólicos, como na fase atual da umbandização do culto, o que significa, nessa dinâmica, a sua permanência enquanto expressão de grupos sociais subalternos. Mais que isso, no plano ritualístico significa resistência aos modelos de opressão socioeconômica, contribuindo em última instância para a manutenção de um referencial étnico e identitário, sejam nas comunidades indígenas ou nas religiões afro-brasileiras.
Fotografias (3ª e 4ª) de assentamentos no quarto de Jurema.
Ilê Axé Iaominlaiô Ogumxá
Responsável: Marcone Correa Lins
Loteamento José Sarney – Natal/RN
Ilê Axé Iaominlaiô Ogumxá
Responsável: Marcone Correa Lins
Loteamento José Sarney – Natal/RN
(Fragmentos do texto publicado na Revista História Viva, vol. 6 – Cultos Afro. São Paulo: Ediouro, 2007).
Mão de Vumbe
Mão de Vumbe ou Mão de Nvumbe ou tirar mão de Vumbi, Maku Nvumbi, significa fazer a cerimónia para tirar a mão do falecido, e é realizada um ano após o Ntambi (a cerimónia fúnebre).
Esta cerimónia é necessária e apenas realizada nas pessoas que foram iniciadas pela pessoa que morreu, ou seja, na prática é tirar a mão do morto. É importante notar que não se aplica portanto a simples frequentadores, ou Abiãs da casa.
Quando uma pessoa é iniciada por um pai ou mãe-de-santo, passa a ter um vínculo espiritual, a mão da pessoa em sua cabeça, a mão que transmitiu o axé.
Assim, quando o pai ou mãe-de-santo morre é necessário tirar a mão do morto, essa cerimónia é feita por outro pai ou mãe-de-santo escolhido pela pessoa.
A realização desta cerimónia é importante pois permite que o iniciado possa assumir em pleno e dar continuidade à sua evolução em uma outra casa de santo.
A palavra Vumbe é usada no Candomblé Bantu de nações Angola e Congo, o significado é o mesmo que tirar a mão do Egum usada no Candomblé Ketu.
O Teste de Ifá.
Mão de Vumbe ou Mão de Nvumbe ou tirar mão de Vumbi, Maku Nvumbi, significa fazer a cerimónia para tirar a mão do falecido, e é realizada um ano após o Ntambi (a cerimónia fúnebre).
Esta cerimónia é necessária e apenas realizada nas pessoas que foram iniciadas pela pessoa que morreu, ou seja, na prática é tirar a mão do morto. É importante notar que não se aplica portanto a simples frequentadores, ou Abiãs da casa.
Quando uma pessoa é iniciada por um pai ou mãe-de-santo, passa a ter um vínculo espiritual, a mão da pessoa em sua cabeça, a mão que transmitiu o axé.
Assim, quando o pai ou mãe-de-santo morre é necessário tirar a mão do morto, essa cerimónia é feita por outro pai ou mãe-de-santo escolhido pela pessoa.
A realização desta cerimónia é importante pois permite que o iniciado possa assumir em pleno e dar continuidade à sua evolução em uma outra casa de santo.
A palavra Vumbe é usada no Candomblé Bantu de nações Angola e Congo, o significado é o mesmo que tirar a mão do Egum usada no Candomblé Ketu.
O Teste de Ifá.
Apresentamos uma pequena parabola sobre Òrúnmìlá e Esù, uma delicia de leitura que ajudará a enriquecer nossa cultura.
Esú, com sua extrema curiosidade, vivia a andar pela Terra, tentando descobrir todos os segredos e mistérios que existiam no planeta. Em nome desta ânsia do saber, pediu a seu irmão gêmeo, Ogun, que cuidasse de sua tribo, este, no entanto, recusou-se, argumentando que também não dava a devida atenção a sua própria tribo. Por fim os dois deixaram suas tribos sob os cuidados de sua mãe, Yemojá, pois ela sempre dava atenção a quem quer que fosse… O sol estava no ponto mais alto do céu, fustigando a vegetação, enquanto uma leve e quente brisa soprava o cheiro da mata quase seca. A cada passo, Esù podia sentir o chão seco e a poeira colar em seus calcanhares suados, enquanto pensava em que caminho tomaria, para encontrar algo que saciasse sua sede de conhecimento. Embora parecesse absorto em suas divagações, estava sempre alerta a tudo o que acontecia a sua volta, tanto que podia ouvir o bater das asas de uma borboleta, ou o abrir e fechar dos olhos de um macaco à longa distância e distinguir os sons de tal forma, que podia prestar a atenção a tudo. Devido a esta sua capacidade, todos o comparavam ao vento, dizendo que ele estava em todos os lugares. Com sua apurada audição, ele sentiu a aproximação de uma desembestada manada de rinocerontes ao longe. Isto se transformou em uma distração, pois acompanhava com os olhos a corrida desorientada dos bichos que, por onde passavam, espantavam pássaros, derrubavam árvores e atropelavam outros animais. De repente a manada virou-se em sua direção e ele, sem querer influir no arbítrio dos rinocerontes, decidiu sair de seu caminho. Num salto rápido alcançou o topo de uma grande pedra que estava ali perto, saindo da frente dos animais que levantaram uma imensa nuvem de poeira, que o deixaram sem visão por um instante. Do alto da rocha, assim que se dissipou a nuvem poeirenta, ele divisou ao longe, na vasta savana, um ancião deitado à sombra de um arbusto, parecendo estar dormindo, dada sua inércia. Não precisou pensar muito para ver que a manada estava na direção do pobre velho, que poderia machucar-se muito. Vendo aquilo, Esù sentiu-se condoído, não lhe agradava a idéia de que alguém pudesse ter um fim tão trágico. Tentando alertar o ancião, juntou todo o ar que seu pulmão pudesse suportar e gritou. No entanto o velho nem sequer se mexeu. Sem atinar se o barulho da manada abafara o seu berro, pensou que o homem pudesse estar ali desmaiado ou doente. Esù sentiu em seu ser que deveria ajudá-lo. Usando de sua fantástica velocidade, ele correu pela savana e, quando alcançou a manada, pulou e andou por sobre o lombo dos rinocerontes num malabarismo fantástico, vencendo um a um. Como tinha o poder de encantar qualquer animal, destemido, ele pulou à frente da manada, tomou uma distância segura, ergueu as mãos ao céu num gesto magistral e exalou todo seu poder. Um a um os animais paravam, deitavam-se e caiam em um profundo sono. Toda savana testemunhou um inesquecível espetáculo, tendo como produto final, o que parecia ser um imenso tapete de rinocerontes. Tal foi à força do encanto, que fez calar tudo ao redor, se uma mosca houvera passado por ali, com certeza caíra desfalecida pelo chão árido. Depois de afastar o perigo, Esù, cansado pelo grande desprendimento de energia, virou-se e andou em direção ao ancião para ver o que acontecera. Quando estava chegando perto, pôde ver o velho levantar-se, tirando o pó das rotas vestes. Era um ser curvado de movimentos lentos, que se apoiava num carcomido cajado. Com os olhos quase cobertos pelas pálpebras, fitou seu benfeitor com candura e um sorriso trêmulo, curvando-se em sinal de agradecimento. O viril pensou que era algum tribal que fora abandonado à sorte pelos seus patrícios. Curioso Esù indignado indagou: – Quem é você? O que faz aí, bem à frente de uma desembestada manada preste a ser demolido por completo? – Quer saber quem sou? Perguntou o velho sorridente, mostrando apenas dois dentes na boca e caiu no chão sobre si, cobrindo-se com seus trapos, parecendo querer esconder-se. De repente, uma imensa luz despedaçou os trapos como se fossem de vidro. Neste momento surgiu à frente de Esù um ser que brilhava como o Sol, que chegou a ofuscar seus os olhos de fogo. Quando se acostumou com o brilho, ele viu que se tratava de Ifá, um ser de luz, enviado de Olodumarè na Terra, encarregado de ouvir a todos aqueles que buscam ajuda, detentor de segredos e dos mistérios. Perplexo, Esù perguntou. – O que aconteceu, para você, um òrìsá, materializado como um velho, estar caído à sombra de um arbusto, esperando ser pisoteado pelos rinocerontes – neste momento Esù percebeu que não estava na savana, mas numa floresta à beira de um rio, o ar era úmido e com um maravilhoso cheiro de verde. O carcomido cajado cintilava e tinha na ponta uma reluzente bola de cristal, que rodava sem parar em volta de seu próprio eixo, ela era como a íris do grande olho que se formou no ponto mais alto do cajado. Ifá com voz solene, que parecia ecoar pela floresta, pacientemente explicou: – Isto tudo se tratava de um teste, pois, entre os òrìsás corre a história de que você não era capaz de ajudar ninguém, sem querer algo em troca, uma vez que só pensava em si mesmo e em suas descobertas. Mas vejo que todos estão errados e hoje vi com meus próprios olhos que a bondade pode ser despertada em você, uma vez que correu em auxílio de um velho pobre e aparentemente sem nada para dar em troca. Frente a isto, quero lhe propor o seguinte: como sei da sua curiosidade, eu lhe darei um modo de saber o presente, o passado e o futuro – Ifá debruçou-se sobre o rio, pegou dentre as águas um punhado de conchas e prosseguiu – tome, estes são meus olhos, dou-lhe estes búzios, um jogo através do qual saberá tudo o que ocorre pelas tribos, com a condição de ajudar a todos que precisem de seu auxílio. – Eu aceito seu presente. Esù pegou das mãos de Ifá as conchas, enquanto as duas bolas de fogo, seus olhos, brilhavam como nunca, parecendo estarem hipnotizados e continuou – embora não possa afirmar que correrei atrás de ninguém para ajudar, prometo auxiliar a todos que a mim vierem. Assim que terminou de falar, ele levantou os olhos e não viu nem floresta com rio, nem o ser de luz, que havia desaparecido como se tivesse evaporado no ar, encontrava-se à sombra de um arbusto no meio da seca savana. Esù sentiu um misto de êxtase e torpor, ao constatar que seu esforço não fora em vão e ao ver que um sentimento tão simples pudesse lhe render tão precioso presente. Essas sensações cruzaram com ele todo o caminho de volta para sua gruta, onde guardou e sempre consultava seu jogo, para saber os acontecimentos e fofocas de todas as tribos, procurando manter em segredo seu valioso presente.
O Candomblé
ORI
Ori é o deus portador da individualidade de cada ser humano. Representa o mais íntimo de cada um, o inconsciente, o próprio sopro de vida em sua particularização para cada pessoa. Ori mora dentro das cabeças humanas, tornando cada um aquilo que é.
Como ao morrer, a cabeça de uma pessoa não é separada para o enterro, Ori é conhecido como aquele que pode fazer a grande viagem sem retorno, pois os outros orixás, mesmo quando morrem seus filhos, são libertados da cabeça (Ori) e retornam ao Orun (céu, ou mundo exterior).
À cerimónia de equilíbrio do Ori dá-se o nome de Bori (bo = oferenda, ori = cabeça => dar oferenda para a cabeça, fortalece-la). Não se deve no entanto confundir Bori com Iniciação. O Bori pode ser feito em qualquer momento e não implica qualquer vínculo com o Orixá ou com a casa.
Durante o processo iniciático a primeira entidade a ser equilibrada é justamente o Ori, a individualidade pessoal, para que a pessoa não se transforme num mero espelho do orixá.
Um dos mitos sobre Ori diz que ele pode depois de enterrado voltar ao Orum, levado por Nanã ou Ewá. Diz este mito que um dia Ori percebeu que era o momento de nascer outra vez e foi falar com Olorum, o Universo, solicitando permissão para nascer na mesma família em que havia nascido antes. Olorum permitiu, com a condição de que apenas ele, Olorum, pudesse conhecer o dia de sua morte, sem que Ori pudesse opinar sobre esta questão e que o destino de Ori só pudesse ser mudado quando Ifá fosse consultado.
Este orixá não tem características estéticas pois não incorpora. Apenas é cultuado juntamente com os orixás, possuindo um número no jogo de búzios onde “fala”.
A quizila de Ori é a mentira.
Atiwaye Ojo: Origem dos Dias
Por: Araba Ifayemi Elebuibon
Ojo é a palavra iorubá para dia.
A religião dos iorubas do sudoeste Nigreia é o òrìsá.
A palavra “òrìsá” significa “aqueles cujas cabeças foram criadas, os maiores e superiores desde então.”
A palavra “òrìsá” significa “aqueles cujas cabeças foram criadas, os maiores e superiores desde então.”
Cada uma dessas divindades são os ministros de Deus (Olodumare) e a palavra do Deus Todo-Poderoso.
Eles são chamados de òrìsá (Eni ti ori sa da).
No começo, os seres humanos não tinham nomes para os dias.
Era Obatalá (divindade do arco, Deus da Criatividade), que foi a Olodumaré para obter os dias da semana para todo o resto dos òrìsá.
Foi Òrúnmìlá, quem estabeleceu os dias, daí um dos Odus recitou:
Ifa loni oni
Ifa loni ola
Ifa loni ojo mereerin Oosada
É Ifa quem possui o hoje
É Ifá quem possui o amanhã
É Ifá quem possui os quarto dia que òrìsá fez na Terra.
Em um parágrafo de um oriki de Obatalá uma de suas filhas perguntou:
Podemos saber o nome dos dias?
Obatalá diz:
Tire um dia da semana para Òrìsáala
Escolha um outro dia para Ogun
Faça um outro dia para Jakuta (Sango)
O dia restante é do Awo (Òrúnmìlá) ou dia do Segredo.
Foram apenas quatro dias que Obatalá trouxe do òrun para o mundo com as 401 divindades.
Obatalá distribuiu os dias entre os outros òrìsá, Ogun, Sango e Ifá, enquanto ele escolheu um dia para si.
O resto dos Òrìsá, por conseguinte, tinham que partilhar os outros dias, por exemplo:
O dia da semana (Ose Ifa) é o mesmo dia para Osun.
Obatalá divide seu dia com Egungun (espíritos ancestrais), Aje, Ìyàmi, Elegbara e etc.
O dia da semana (Ose Ifa) é o mesmo dia para Osun.
Obatalá divide seu dia com Egungun (espíritos ancestrais), Aje, Ìyàmi, Elegbara e etc.
Cinco dias é a semana do calendário tradicional dos iorubás, não contando o primeiro dia, você tem quatro dias.
Vinte e nove dias faz um mês. que é quando a lua está cheia.
A lua passa quinze dias sobre a terra e quinze dias no céu.
A lua passa quinze dias sobre a terra e quinze dias no céu.
A semana de sete dias.
Ojo Aje (segunda-feira) – é o dia em que o dinheiro entrou com o òrìsá na terra e é conhecido como o dia do dinheiro. Os Iorubás usam esse dia para iniciar negócios e discutir programas econômicos e sociais.
Ojo Isegun (terça-feira) – É o dia da vitória. Este é o dia em que todas as forças do mal estão dominadas. É um bom dia para começar qualquer coisa que leve a uma melhor qualidade de vida.
Ojoru (Quarta) – É o dia que o problema entrou no mundo. É o dia de confusão.
Ojoba (Quinta) – É o dia em que os nomes dos dias chegaram.
É um dia em que os Antepassados visitam a família.
É por isso que cada festival importante (Oro Órìsá) começa na quinta-feira, Ojobo.
Ojo eti (sexta-feira) – É o dia do adiamento.
Acredita-se que tudo o que as pessoas tenham que fazer neste dia deve ser adiado ou então ele seria um fracasso.
É por isso que as viagens de negócios não começam neste dia.
Abameta (Sábado) – Viés talvez os mesmos atributos de Ojo Eti.
A fim de evitar três tipos de incidentes negativos, os iorubas não usam o sábado para enterrar uma pessoa, a menos que a pessoa seja um ancião.
Ojo Oiku (domingo) – Ojo Ariku também conhecidas como Ojo Isinmi é o dia do descanso é o dia que Òrúnmìlá enterrou Imi, a mãe de Esu Odara.
(veja As Aventuras de Obatalá Vol 1. Yemi Elebuibon para mais informações). Neste dia as pessoas do mundo solicitaram imortalidade (aiku) a Olodumaré. Òrúmìlá, um confidente de Olodumarè se recusou a fazer propiciação, ele era incapaz de trazer a imortalidade (aiku) para todos os habitantes da Terra, então as pessoas tiveram que morrer.
Neste dia não foi concedido a imortalidade ao povo.
Felizmente, a morte prematura pode ser prevenida fazendo sacrificio e usando a medicina de Ifá.
O culto a Egungun- parte 3
Oyá, Egun e os Mitos.
“Oyá não podia ter filhos e foi consultar um babalawo. Este lhe disse então, que, se fizesse sacrifícios, ela os teria. Um dos motivos de não os ter ainda era porque ela não respeitava o seu tabu alimentar (eewó) que proibia comer carne de carneiro.
O sacrifício seria de 18.000 búzios ( pagamento), muito panos coloridos e carne de carneiro. Com a carne ele preparou um remédio para que ela o comesse; e nunca mais ela deveria comer dessa carne. Quanto aos panos, deveriam ser entregues como oferenda”.
Ela assim fez e, tempos depois, deu à luz a nove filhos (número mítico de Oyá). Daí em diante ela passou a ser conhecida peo nome de “Iyá omo mésan”, que quer dizer mãe de nove filhos e que aglutina Yansán.
Filhos de Oyá:Imalegã; Iorugã; Akugã; Urugã; Omorugã; Demó; Reigá; Heigá; Egun Egun. Cada um tem sua característica e seu fundamento próprio, são representados no ojubó de Oyá Igbalé.
Há outra lenda para explicar o mito de Iyansã:
“Em certa época, as mulheres eram relegadas a um segundo plano em suas relações com os homens. Então elas resolveram punir seus maridos, mas sem nenhum critério ou limite, abusando desta decisão, humilhando-os em demasia”.
Oyá era a líder das mulheres, e elas se reuniam na floresta.Oyá havia domado e treinado um macaco marrom chamado`Íjímeré (na Nigéria). Utilizara para isso um galho de atorí (ixan) e o vestia com uma roupa feita com várias tiras de pano coloridas, de modo que ninguém via o macaco sob os panos.
Seguindo o ritual, conforme Oyá brandia o ixan no solo o macaco pulava de uma árvore e aparecia de forma lucinante, movimentando-se como fora ensinado a fazer. Desse modo, durante a noite, quando os homens por lá passavam, as mulheres ( que estavam escondidas) faziam o macaco aparecer e eles fugiam totalmente apavorados.
Cansados de tanta humilhação, os homens foram ver um babalawo para tentar descobrir o que estava acontecendo. Através do jogo de Ifá, e para punir as mulheres o babalawo lhes conta a verdade. Ele os ensina como vencer as mulheres através de sacrifícios e astúcia.
Ogun foi encarregado da missão. Ele chegou a local das aparições antes das mulheres.vestiu-se com vários panos, ficando totalmente encoberto, e se escondeu, quando as mulheres chegaram, ele se apresentou subitamente, correndo, berrando e brandindo sua espada pelos ares. Todas figiram apavoradas, inclusive Oyá.
Desde então os homens dominaram as mulheres e as expulsaram para sempre do culto a Egun. Hoje eles são os únicos a invocá-lo e cultuá-lo. Mas, mesmo assim, eles redem homenagen a Oyá Igbalé, tida até como criadora do culto a Egungun e sendo idolatrada como mãe e rainha dos Eguns.
E, como explica a lenda, Oyá, a floresta e o macaco estão íntimamente ligados ao culto, inclusive com relação a voz do macaco como é o modo de Egun falar.
Pesquisa: revista Candomblé Mitos & Lendas.
Texto de Aulo Barretti Filho,O Culto dos Eguns no Candomblé.
Texto de Aulo Barretti Filho,O Culto dos Eguns no Candomblé.
O culto a Egungun- parte 2
O Salão e a Festa
O espaço físico do salão é dividido entre sacro e profano. O sacro é a parte onde estão os tambores e seus alabês e várias cadeiras especiais previamente preparadas e escolhidas, nas quais os Eguns, após dançarem e cantarem, descansam por alguns momentos na companhia de outros, sentados ou andando, mas sempre unidos, o maior tempo possível, com sua comunidade. Este é o objetivo principal do culto: unir vivos com mortos.
Nesta parte sacra, mulheres não podem entrar nem tocar nas cadeiras, pois o culto é totalmente restrito aos homens. Mas existem raras e previlegiadas mulheres que saõ exceção, como se fossem a própria Oyá. Elas são geralmente iniciadas no culto dos Orixás e possuem simultaneamente Oyê no culto de Egun. Essas mulheres zelam pelo culto fora dos mistérios, ajudam na confecção de roupas, matem a ordem no salão, respondendo a todos os cânticos ou puxando alguns especiais, que somente elas tem o direito de cantar para os Babás.
Antes de iniciar os rituais para Egun, elas fazem uma roda para dançar e cantar em louvou aos Orixás; após esta saudação elas permanecem sentadas junto com outras mulheres. Elas funcionan como um elo entre os atokuns e os Eguns ao transmitir suas mensagens aos fiéis. Elas conhecem todos os babás, seu jeito e suas manias e sabem como agradá-los.
Este espaço sagrado sagrado é o mundo de Egun nos momentos de encontro com seus descendentes. A assistência está separada deste mundo pelos ixans que os amuixan colocam estratégicamente no chão, fazendo assim uma divisão simbólica do ritual dos espaços, separando a “morte” da “vida”. É através do ixan que se evita o contato com o Egun: ele respeita totalmente o preceito, é o instrumento que o invoca e o controla. Às vezes, os mariwos são obrigados a segurar o Egun com um ixan no seu peito, tal é a volúpia e a tendência natural de ele tentar ir ao encontro dos vivos, sendo preciso, vez ou outra, o próprio atokun ter de intervir rápida e rispidamente, pois é o Ojé que por ele zela e o invoca, pelo qual ele tem grande respeito.
O espaço profano é dividido em dois lados: à esquerda ficam mulheres e crianças e à direita, os homens. Após Babá entrar no salão, ele começa a cantar seus cântigos preferidos, porque cada Egun em vida pertencia a um determinado Orixá. Como diz a religião, toda pessoa tem seu próprio Orixá e esta característica é mantida pelo Egun. Por exemplo: se alguém em vida pertencia a Xangô, quando morto e vindo como Egun, ele terá suas vestes as características de Xangô, puxando pelas cores vermelha e branco. Portará um osê (machado de lãmina dupla), que é sua insígnia; pedirá aos alabês que toquem o alujá, que também é o rítmo preferido de Xangô e dançará ao som dos tambores e das palmas entusiastas e hesitantemente marcadas pelos Oyês femininos, que também responderão aos cântigos e exigirão a mesma animação das outras pessoas ali presentes.
Babá também dançará e cantará suas próprias cantigas, após ter louvado a todos e ser bastante reverenciado. Ele conversará com fiéis, falará em um possível Yorubá arcaico e seu atokun funcionará como tradutor. babá Egun começará perguntando pelos fiéis mais frequentes principalmente pelos Oyês femininos, depois pelos outros e finalmente será apresentado às pessoas que ali chegarem pela primeira vez. Babá estará orientando, abençoando e punindo, se necessário, fazendo o papel de um verdadeiro pai, presente entre seus descendentes para aconselha-los e protegê-los, mantendo assim a morale a disciplina comum às suas comunidades, funcionando como um verdadeiro mediador dos costumes e das tradições religiosas e laicas.
Finalizando a conversa com os fiéis e já tendo visto seus filhos, Babá-Egun parte, a festa terminae a porta pricipal é aberta; o dia já amanheceu. Babá partiu, mas continuará protegendo e abençoando os que foram vê-lo.
Esta é uma breve descrição de Egungun, de uma festa e de sua sociedade, não detalhada, mas o suficiente para um primeiro e simples contato com este importante lado da religião. E também para se compreender a morte e a vida através das ancestralidade cultuadas nessas comunidade de Itaparica, como um reflexo da sobrevivência direta, cultural e religiosa dos yorubanos da Nigéria.
Pesquisa: Revista Candomblé Mitos & Lendas.
Texto de Aulo Barretti Filho,O Culto dos Eguns no Candomblé.
Texto de Aulo Barretti Filho,O Culto dos Eguns no Candomblé.
O Culto a Egungun
O Rito
Nas festas de Egungun, em Itaparica, o salão público não tem janelas, e, logo após os fiéis entrarem, a porta principal é fechada e somente aberta no final da cerimônia, quando o dia já está clareando. Os Egunguns entram no salão através de uma uma porta secundária e exclusiva, único local de união com o mundo externo. Os ancestrais são invocados e eles rondam os espaços físicos do terreiro. Vários Amuixan (iniciados que portam o Ixan) funcionam como guardas espalhados pelo terreiro e nos seus limites, para evitar que alguns Babá ou os perigosos Apaaraká que escapem aos olhos atentos dos Ojês saim do espaço delimitado e invadam as redondezas não protegidas.
Os Eguns são invocados numa outra construção sacra, perto mas separada do grande salão chamada de Ilê Awo (casa do segredo), na Bahia, e Igbo Igbalé (bosque na floresta) na Nigéria. O Ilê Awo é dividido em uma ante-sala, onde somente os Ojés podem entrar, e o Lêsànyin ou Balé, onde só os Ojês Agbá entram.
Oiê balé é o local onde estão os idi-egungun, os assentamentos – estes são elementos litúrgicos que, associados, individualizam e identificam o Egun ali cultuado, e, o Ojubó-Babá, que é um buraco feito diretamente na terra, rodeado por vários Ixans, os quais, de pé, delimitam o local.
Nos Ojubós são colocados oferendas de alimentos e sacrifícios de animais para o Egun a ser cultuado ou invocado. No Ilê Awo também está o assentamento da divindade Oyá de culto Igbalé, Oyá Igbalé como é popularmente conhecida, a única divindade feminina venerada e cultuada simultâneamente pelos adeptos e pelos próprios Eguns.
Nos Ojubós são colocados oferendas de alimentos e sacrifícios de animais para o Egun a ser cultuado ou invocado. No Ilê Awo também está o assentamento da divindade Oyá de culto Igbalé, Oyá Igbalé como é popularmente conhecida, a única divindade feminina venerada e cultuada simultâneamente pelos adeptos e pelos próprios Eguns.
No balé os Ojés atokutun vão invocar o Egun escolhido diretamente no seu assentamento, e é neste local que o awo (segredo)- o poder e o axé e Egun nasce através do conjunto Ojé-ixan/Idi-ojubó.A Roupa é preenchida e Egun se torna visível aos olhos humanos. Após saírem do Ilê Awo, os Eguns são conduzidos pelos amuixan até a porta secundária do salão, entrando no local onde os fiéis os esperam, causando espanto e admiração, pois eles ali chegaram levados pelas vozes dos Ojés, pelo som dos amuixan, branindo os ixans pelo chão e aos gritos de saudação dos alabês (tocadores e cantadores de Egun). O clima é realmente perfeito.
Pesquisa:Revista Candomblé Mitos & Lendas.
Texto de Aulo Barretti Filho,O Culto dos Eguns no Candomblé.
Texto de Aulo Barretti Filho,O Culto dos Eguns no Candomblé.
Perfil – Mãe Simplícia de Ògún.
Mãe Simplícia, uma guerreira!!!
Na época, em que Mãe Simplícia esteva à frente da Casa de Òsùmàrè, Getúlio Vargas já havia editado o Decreto-Lei 1.202, no qual ficava proibido o embargo sobre o exercício da religião do candomblé no Brasil. A partir da edição deste decreto-lei, cultuar os Òrìsà deixou de ser considerada atividade criminosa. Aos Africanos e afrodescendentes ficou assegurado o direito à liberdade de professarem sua fé.
Mas, infelizmente, não foi bem assim. A repressão e intolerância ao candomblé, em verdade havia se organizado. Para realizar as cerimônias religiosas, os rreiros precisavam pedir autorização e requerer um alvará de funcionamento na Delegacia de Jogos e Costumes, pagando taxas impostas para expedição deste documento.
O alvará de nada adiantava, não oferecia nenhum tipo de proteção, os terreiros continuaram a ser invadidos pela polícia que se tornava cada vez mais violenta. Os praticantes do candomblé continuaram a receber ordem de prisão, sofriam as mais diversas formas de intimidação, a citar como exemplo: autuados eram obrigados a carregar os seus atabaques na cabeça e caminhar até a delegacia.
Embora a Casa de Òsùmàrè já não fosse mais vítima dessas tais batidas policiais, Mãe Simplícia continuava indignada com o sofrimento dos povos de religiões de matrizes africanas, e tomou para si esta luta. E assim, começou sua jornada em defesa da liberdade religiosa.
Neste sentido, seu primeiro passo aconteceu em 1952, no inicio de sua gestão na Casa de Òsùmàrè. O carisma que lhe distinguia proporcionava manter relações influentes. Assim, tomou conhecimento que o presidente Getúlio Vargas, juntamente com o governador Régis Pacheco, o senador Assis Chateubriand, o vice-presidente Café Filho iriam inaugurar o Grande Hotel Caldas do Cipó, no sertão da Bahia. Diante desta informação, articulou-se para realizar a recepção para o presidente e sua comitiva, com o intuito de denunciar a releitura da inquisição contra o Candomblé promovido pela polícia baiana da época.
Nesta recepção, realizada aos 24 junho de 1952, Mãe Simplícia conseguiu a esperada conversa com o presidente e denunciou os horrores que os povos de religiões de matrizes africanas ainda sofriam, reivindicando, assim, os direitos de liberação dos cultos, conforme o decreto por ele sancionado. Uma ação que contribuiu para mudar o cenario vivido na epoca pelo povo de santo.
Mãe Simplícia de Ogun, Simpliciana da Encarnação, Ogun Dekisi, (1922 – 1967), era filha carnal de Maria das Neves da Conceição (Oyá Biyi), foi Iyalorixá do Candomblé Ilê Axé Oxumarê no local antigamente chamado de Mata Escura, bairro da Federação, Salvador, Bahia.
Em 1936 aos 14 anos foi iniciada por Mãe Cotinha de Yewá que depois se tornou sua cunhada por seu casamento com Hilário Bispo dos Santos (Vovô Hilário), irmão de Mãe Cotinha.
Em 1954 aos 38 anos com o falecimento de Mãe Francelina de Ogun, tomou posse como Iyalorixá da Casa de Oxumarê.
Teve cinco filhos: Jutaí Bispo dos Santos, Tânia Maria Bispo da Encarnação, Nilton Bispo dos Santos, Nilzete Austriquiliano da Encarnação e Erenilton Bispo dos Santos, todos iniciados na Casa de Oxumarê.
Descendentes de Mãe Simplícia
Iniciou quarenta e quatro Yawôs: Filhinha de Ogun (Dofona Deusuíta), Leonor de Oxumarê, Elza de Oxóssi, Ana de Ogun, Walquiria de Oxum, Nilza de Ogun, Dó de Ossayin, Cotinha de Oxalá, Deusuíta de Omulu, Pai Pérsio de Xangô, Ana Laura de Ogun, Duzinha de Nanã, Bentinha de Ogun, Rosinha de Obaluaiyê, Zezé de Obaluaiyê, Doroti de Yansan, Ekeji Angelina de Oxóssi.
Casa de Oxumarê.
Em 1954 aos 38 anos com o falecimento de Mãe Francelina de Ogun, tomou posse como Iyalorixá da Casa de Oxumarê.
Iniciou quarenta e quatro Yawôs: Filhinha de Ogun (Dofona Deusuíta), Leonor de Oxumarê, Elza de Oxóssi, Ana de Ogun, Walquiria de Oxum, Nilza de Ogun, Dó de Ossayin, Cotinha de Oxalá, Deusuíta de Omulu, Pai Pérsio de Xangô, Ana Laura de Ogun, Duzinha de Nanã, Bentinha de Ogun, Rosinha de Obaluaiyê, Zezé de Obaluaiyê, Doroti de Yansan, Ekeji Angelina de Oxóssi.
Ìyáàmi Awo – As Mães do Segredo.
Ajé Ògúgúlùsò Aiye Olámbó yèyé.
Ibá awon Ìyáàmi,
Èìswù Alágogo haguná to p’oní ma.
Tradução:
Homenagem ao Espírito da riqueza e boa sorte, a honra vem da Mãe Terra.
Eu saúdo todas as Mães Sábias.
O Pássaro branco de poder é a fonte de seu medicamento.
Comentário:
O simbolismo em Ifá, é uma expressão da dinâmica e da forma, que ocorrem na natureza.
É uma tentativa de explicar as maneiras pelas quais as forças invisíveis da natureza afetam o universo visível.
Todos os aspectos de Ifá, suas história sagrada, simbolismos e rituais expressam a polaridade entre as forças de expansão e contração, que são as expressões fundamentais do poder na Natureza.
Em termos simplificados, essa polaridade é expressa na relação entre Òrìsà feminino e o masculino.
Dentro da estrutura sócio-religiosa, política da religião de Ifá, essa polaridade é expressa através de uma série de ordens religiosas específicas quanto ao sexo.
Destaque entre essas ordens religiosas que honra o poder feminino são as Ìyáàmi awo.
É comum para os antropólogos descrever esta sociedade como ” as bruxas”.
O significado original de “bruxa” da cultura européia é: “Mulher sábia”.
No entanto, o termo tende a ser pejorativo no uso contemporâneo ocidental.
Mulheres Ìyáàmi awo preservam ou estam associadas aos mistérios da menstruação.
Parece absurdo atribuir qualquer conotação negativa a esta tradição sagrada, porque o mistério da menstruação é a fonte da vida na Terra.
Literalmente, falando a verdade, cada ancestral, mesmo os divinizados, ou não que já viveram, vieram à Terra através do útero de uma mulher, tarefa esta, possibilitada pelas Ìyáàmi.
Por: Awo Fatunmbi.
Religião Africana
O candomblé cultua os Orixás, que são diferentes Deuses que regem diferentes coisas, com diferentes personalidades:
Exu – Senhor dos Caminhos;
Ogum – orixá Guerreiro;
Oxossi – Orixá caçador, protetor dos caçadores, da mata e dos animais;
Iemanjá – Considerada por muitos como rainha dos mares e mãe de todos os Orixás ao lado de Oxalá, representa harmonia na família;
Obá – Representa o equilíbrio, justiça, uma das esposas de Xangô;
Obaluaiê – (Omolu, em sua forma velha). Conhece a cura de todos os males, por ser o deus das Pestes;
Logun-Edé – Responsável pelos leitos de mares e rios, filho de Oxum com Oxossi;
Oxumaré – Protetor das grávidas, Orixá da fortuna e da sorte;
Iansã – Senhora das tempestades, dos raios e dos ventos, Orixá guerreira;
Ewá – Rainha da magia, representa as chuvas;
Oxum – Rainha do ouro, do amor e de todas as águas doces;
Xangô – Orixá da Justiça.
Será que nós realmente compreendemos a natureza das Ajé na Tradição religiosa de Ifá?
O que é Ajé?
Na tradição religiosa de Ifá no oeste africano, um dos temas mais difíceis é entender nosso comportamento, nosso caráter e como tudo isto se relaciona com nossas crenças pessoais e quando usamos as tremendas forças que vêm seguindo este caminho espiritual.
Certamente não são as palavras faladas em fóruns públicos de orações, invocações e encantamentos, mas o comportamento problemático que vem de adorar uma tradição que é essencialmente metafísica, imaterial, sobrenatural e sobretudo, mística. Quando alguns desses seguidores inseguros da Tradição estão com medo e às vezes são muito limitados espiritual, emocional ou até mesmo falta a base necessária que lhes permita aprofundar-se na sabedoria interior e no código de Ifá.
Devido a isso, há comportamentos morais que devem ser observados, para que possamos ter ordem dentro de nossas fileiras como sacerdotes e mais seguramente com os nossos devotos.
O versículo di Odu Ifa (ese Ifa) Odi Meji canta para nós, esta parte:
Odi Meji
Grande massa (uma montanha) de terra no final da estrada.
Àse infinito.
Ifá foi consultado para Ìyàmi Òsoròngá.
Quando Elas estavam vindo do céu para o mundo,
Eles disseram, Elas estavam vindo para o mundo
Eles, então, chamaram Òrúnmìlá para vir do òrun
Olodumare deu a Òrúnmìlá permissão para vir,
Òrúnmìlá partiu
No local onde ele estava para partir, ele descansou em uma muralha de pedra de Òrìsá Nla
Ele conheceu Ìyàmi no percurso
Òrúnmìlá disse, “Onde você vai?”
Elas disseram, estamos indo para a Terra.
Ele disse, o que vocês vão fazer lá?
Elas disseram, aqueles que não serão nossos cúmplices, vamos atormentá-los.
Vamos saqueá-los.
Vamos trazer a doença para seus corpos.
Vamos trazer fraqueza a seus corpos.
Vamos tirar os seus intestinos.
Vamos comer seus fígados.
Vamos beber seu sangue.
Nós não vamos ouvir a voz de qualquer pessoa na Terra.
Òrúnmìlá disse: Ha!
Ele disse que seus filhos estavam na Terra.
Elas disseram que não conheciam os filhos de ninguém.
Òrúnmìlá disse, meus filhos estão na Terra.
Elas disseram muito bem, então.
Elas disseram que Òrúnmìlá deveria falar com seus filhos …
Primeiro para qualificar este artigo para o Ile Òrúnmìlá Mimo Iwosan Boletim interno do Templo de janeiro de 2008, queremos esclarecer que o título deste artigo reflete a nossa reverência e obediência ao Awon Ìyàmi Osoronga (A Grande Mãe e Misteriosa), Yewajobi (Mãe de todos os Òrìsá e todas as coisas vivas), todas as grandes mães que fazem as coisas acontecer, Agbalaagba (Um velho e sábio).
Com essas denominações conhecidas como: Saúdo a Terra e Cosmos.
As mães que merecem o “respeito”, há muito tempo esquecido por seus filhos.
O que é Ajé?
Aqui, fora no templo, tentamos fortemente não usar o certos palavreados sobre as Ajé “que traz sobre ela a feia imagem, com a conotação ocidental de uma mulher com visual velho, com vassoura, fazendo obras más contra a humanidade.”
O envelhecimento é belo, a força das mulheres e seu poder é incrível e cura.
Esta imagem negativa tem permeado a sociedade mundial da web, criando influência negativa e confluência contra as mulheres que são fortes e tem poder.
No entanto, o ponto e a ênfase deste post não é apenas para corrigir esta imagem, mas também para lidar com o mau uso do poder nas mãos daquelas que são mentalmente e espiritualmente despreparadas para lidar com este tipo de energia maravilhosa e poderosa.
Isto inclui as forças do nosso Pai da Noite e todos os outros espíritos que podem ser usados para o mais escuro dos atos contra a humanidade.
Forças e entidades que foram concebidas para equilibrar as energias do mal nós, seres humanos usamos para cometer atos falhos no mundo.
Também no início do Oriki de Odi Meji você será introduzido pela primeira vez no conhecimento da relação forte e simbiótica entre Ìyà mi Osoronga e Òrúnmìlá.
Muitas vezes, ouvimos dentro da comunidade de Ifá e adoradores de òrìsá, que agora, as pessoas estão jogando bruxaria em seus inimigos, ou cometendo atos desprezíveis, por vezes, muitos com forte violência espiritual contra os outros, por vezes, é feito também nas comunidades do mundo.
São pessoas que não estão relacionadas com a nossa tradição religiosa.
Os atos inomináveis de coisas que elas querem que os outros façam, nas questões de controle, de ciúme, de ódio, de amargura, que as tirem da solidão, dos problemas de auto-estima, dos problemas de saúde mental, é o zelo fora do controle, são comportamentos e pensamentos que não deixam a gente entender “os princípios da Ifá” .
Muitas pessoas na realização de tais atos hediondos e formas nefasta de pensamento, não entendem o terreno espiritual e o que isso realmente implica. Podem até mesmo ver os espíritos que estão de ilusionismo, meditando, invocando ou simplesmente enviando para outra casa, corpo ou espírito.
Estão infligindo normas, têem pensamentos perigosos sobre pessoas que podem ser inocentes ou aquelas cujas capacidades ou karma podem, na verdade igualar o sucesso delas.
Às vezes as pessoas, incluindo alguns adivinhos, fazem e não na ignorância entender que nem todas as energias negativas são aquelas enviadas por nossas mães e pais da Noite, mas pode ser um espírito Egbe trazendo calamidade para uma pessoa que não vem através das promessas feitas ao céu.
Ou pode ser “a mãe acionada pela loucura própria de uma pessoa, trazendo a loucura para seus comportamentos aberrantes, porque elas se recusaram a acatar as lições dadas por Olodumare através de Ifá de boa conduta e bondade adequada em suas vidas.”
Elas mentem para si mesmos e encobrem seus mais íntimos pensamentos, não percebendo que Esu é o operador que liga padrões do pensamento com o Orí, e que o próprio pensamento é uma energia facilmente vista em testes intricados com padrões dentro do universo interior e exterior.
Há até momentos em que as energias do òrìsá podem ser vista defendendo a posição daquelas pessoas que são afetadas por ajogun, essas forças, estão em uma posição negativa quando elas também violarão o espaço sagrado do outro.
A responsabilidade de todos os adoradores de Ifá / òrìsá, sacerdotes e aleyo equivale a essa idéia, de entender as forças com que se está lidando, deve-se estar consciente da tremenda força de destruição que está nas mãos destas pessoas que querem usar o negativo e o mal sobre os outros, sem serem provocados, tudo fruto de suas próprias inseguranças, ódio e muito mais.
O que é Ajé?
Para um exemplo claro disso:
A “pessoa” quer uma ‘outra pessoa’ tenha uma morte física, desejando ou paganso um sacerdote nefasto para enviar todas as formas de mal, porque ela foi desprezada verbalmente por esta pessoa.
A timidez desta ação é que o crime não vale a pena da punição extrema.
Em vez da pessoa ter a coragem de falar de suas preocupações ou irritabilidade com o outro, elas preferem que esta pessoa ou seus familiares tenham uma morte horrível, apenas para satisfazer seu senso de justiça.
Outro cenário é você querer um homem ou uma mulher para você; uma uma pessoa casada e você está disposta a separar, a destruir sua família, através de meios metafísicos, enviando espíritos malignos, usando charme para seduzir, quebrar, ou simplesmente causar problemas em sua vida até que esteja de acordo com sua vontade.
Existem aquelas ocasiões, em que uma pessoa teve sua vida perturbada por essas forças errantes e um adivinho qualificado foi necessário para endireitar a situação da sua vida.
A ideia, ainda diz que as ações dessas pessoas, fará por todos os meios necessários trazer dor, danos e ferir a qualquer um por causa de sua mentalidade pequena, é uma tragédia diante dos olhos de Olodumare.
Quando essas forças são invocadas no mundo, é verdadeiramente uma abominação diante dos anciãos do òrun (Céu) e no tempo certo o pagamento, chegará como uma visita terrível, porque a pessoa ou pessoas que usaram este mecanismo para quebrar outro vai ou interferir na vida dos outros violou o princípio sagrado de Olodumare.
(continuação)
Odi meji diz:
Elas construíram um tribunal atrás.
Elas construíram uma câmara.
Elas disseram, este é o lugar onde poderam se reunir.
Elas empilharam um monte enorme, em que as Eleiyes poderiam se reunir.
Quando elas se reuniram.
Quando chegaram na Terra.
Elas enviaram dores de estômago as crianças.
Elas mandaram a doença para crianças.
Elas tiraram os intestinos das pessoas.
Elas bebiam o sangue das pessoas.
Elas enviaram dores de cabeça a mais crianças.
Elas mandaram a doença de uma criança para outra.
Elas enviaram reumatismo de uma criança para outra.
Elas enviaram dores de cabeça, de estômago ruim e febre de uma criança para outra
Elas causaram o estômago inchado da grávida para prejudicar.
Elas levaram o feto de quem não era estéril.
Elas não permitiam que qualquer mulher engravidasse.
Aquelas que já estavam grávidas, foram impedidas de dar à luz.
As pessoas passaram a implorar aos filhos (Awo) de Òrúnmìlá.
Elas pediram aos filhos de Òrúnmìlá para ajudá-las.
Eles iriam ajudar, aquelas que estavam grávidas.
O sacrifício que Òrúnmìlá disse a seus filhos para realizarem neste dia
Seus filhos haviam feito.
O que é Ajé?
As atitudes dos nossos seguidores para com o uso da feitiçaria, como um meio para arbitrar questões, que poderiam ser prontamente comunicadas através do desenvolvimento das habilidades comunicativas e interpessoais ou por meio da orientação de Ifá ou Òrìsá e em alguns casos, um atendimento profissional de saúde mental.
No entanto, quando optamos por utilizar meios nefastos para saciar nossas vontades e desejos ou conseguimos usar essas metodologias negativas, abre-se a porta para a guerra que pode terminar em tragédia e nos casos mais extremos, até mesmo em morte.
É importante para nós aprender a concordar ou discordar, ao ver o verso de Odi Meji ele fala sobre:
“Como Òrúnmìlá acalmou as Ìyàmi Òsoròngá “, pois quando convidamos essas forças, trazendo-as para o mundo do mal, o mal mesmo, pode ser destinado ao remetente.
Nós realmente temos que perguntar a nós mesmos sobre a qualidade e o estado de espírito de uma pessoa, se ela quer a morte de alguém, simplesmente por que uma pessoa pisou no seu pé.
Ou se cada vez que há um desastre natural do mundo infelizmente, nós podemos estar em conveniência com as tempestades convergentes? “.
“Esta tempestade pode ter sido enviada pelo òrìsá contra seus inimigos conhecidos ou invisíveis? “
Se o pai, o filho, ou um amigo íntimo de seu inimigo, tem uma doença, então o seu òrìsá vingará o seu ego ferido por infligir dor enorme em outro?
Então nós realmente precisamos olhar para esta pessoa que as enviou de várias maneiras, porque ela quer a morte, a doença, a perda de emprego, a perda da sua casa ou mais.
Simplesmente porque você tem pouca ou nenhuma coragem e também falta de estima.
Talvez haja um problema sério de saúde mental, existe preocupação e necessidade de olhar seriamente como você processa a sua raiva, ou melhor ainda, a sua mágoa e sua dor.
É lamentável e muito triste que encontremos nossa vida em falta, por que você preferiria ver o dano causado a outro ser vivo, do que encontrar maneiras através de Ifá / òrìsá para encontrar uma solução para seus problemas ou mesmo olhar para dentro do seu próprio espírito e procurar uma resposta.
A paz ainda ainda não chegou.
Aqui em Odi Meji está o nosso chamado e canto para acalmar as forças que foram invocadas, quando nossas mães foram incomodadas desnecessariamente, como também devemos pedir perdão as energias das mulheres que foram traídas quando inadequadamente invocamos essa força para o mal de outras mulheres e suas famílias.
Mais uma vez temos de encontrar melhores formas de comunicação com nossos desejos e aprender a não atingir outro ser humano quando não podemos controlar nossos nossos desejos.
Odi Meji
Elas precisam gostar deste canto.
Pequena Mãe você conhecerá a minha voz
Ìyàmi Osoronga (Grande Mãe e Misteriosa) cada palavra que eu falar.
A folha ogbó disse que você vai entender absolutamente.
Ìyàmi Osoronga você vai conhecer a minha voz.
Ìyàmi Osoronga a cabaça diz que você vai levá-la.
Ìyàmi Osoronga você vai conhecer a minha voz.
Ìyàmi Osoronga, a palavra que o rato okete fala com a terra.
A Terra irá ouvi-lo absolutamente.
Ìyàmi Osoronga você vai conhecer a minha voz.
Ìyàmi Osoronga tudo que eu digo, você vai fazer.
Ìyàmi Osoronga você vai conhecer a minha voz.
Não importa o tipo de entidade espiritual, o que é imperativo e importante é que devemos aprender a parar a guerra desnecessária e o mal que ela trouxe para as pessoas, só porque não gostamos delas e não podemos controlar nossos ciúmes.
Temos que aprender a ir a Ifá e rezar para o nosso esclarecimento e aprender a negociar nossa vida de uma maneira melhor e cumprir o que Ifá e òrìsà orientam.
Mais do que, provavelmente a bruxa, o verdadeiro mal não são as forças que estamos chamando para fazer a guerra que prejudica os outros e os inocentes, na verdade o rosto que reflete no espelho está olhando para você mesma, ou seja, o próprio mal.
Ire gbogbo
Por: Iyanifa Fayomi Falade Aworeni Obafemi
Ile Iwosan Òrúnmìlá Mimo
Abiyan-Ketu/Nagô: Seus Deveres e Responsabilidades.
O Abiyan é toda pessoa que depois de fazer uma consulta através dos búzios com o Babalorixá ou Iyalorixá, tenha tomado no mínimo um Obí e tenha um fio de contas lavado de Oxalá.
O procedimento e comportamento básico do Abiyan.
. Estar vestido de branco principalmente se a casa for de Oxalá; ressaltando que:
- Para os homens – calça comprida e camisa branca;
- Mulheres – Vestido ou saia/camisa branca;
. Estar vestido de branco principalmente se a casa for de Oxalá; ressaltando que:
- Para os homens – calça comprida e camisa branca;
- Mulheres – Vestido ou saia/camisa branca;
. Ao chegar ir direto beber um copo d’água para esfriar o corpo da rua, sem fazer paradas e evitar qualquer conversa.
. Tomar seu banho de ervas e colocar sua roupa de morin;
. Bater a cabeça no Axé, na porta dos quartos de Santo; para o Babá/Iyá, “trocar” à benção com TODOS os seus irmãos, sendo por ordem hierárquica (dos mais velhos aos mais novos), de acordo com a ordem iniciada.
. Perguntar ao Babá/Iyá, sobre a função que deverá fazer na Casa; muitas vezes por ordem do Babá/Iyá, as funções podem ser determinadas pelas Ajoiês (Ekédi) da Casa.
. O Abiyan deverá fazer suas refeições sentados na ení (esteira), e assim que terminarem, deverão levantar as mesmas e guardá-las; não devem colocar os pés calçados nas enís;
. O Abiyan somente poderá dormir em ení, caso se faça necessário terá a autorização do Babá/Iyá, para dormir nos quartos dos Orisás;
. O Abiyan ao levantar não deve falar com ninguém, deve antes beber um pouco de água; isso é para apagar os vestígios ou traços negativos provocados pelo mau hálito.
. O Abiyan não deve ocultar do Babá/Iyá qualquer tipo de dúvida, problema e mal entendido.
. O Abiyan não deve fumar na frente de seu Babá/Iyá.
. O Abiyan nunca fica de pé em frente ao Babá/Iyá e sim agachado, com a cabeça baixa.
. O Abiyan nunca interrompe o Babá/Iyá quando estiver conversando com alguém. Quando tiver visita no barracão (egbomis, ekedes, ogans, zeladores), seja em dia de festa ou em dia corriqueiro, é correto que os filhos se abaixem próximo a ele para dirigir a palavra. Diz então: AGÔ (Licença) e esperar ele dizer AGÔ YA, e de cabeça baixa, falar com ele em tom de voz baixa.
. O Abiyan não deve passar pelo o Babá/Iyá com a cabeça erguida, e sim um pouco curvado para frente.
. O Abiyan sempre que for servir o Babá/Iyá, deve-se levar o pedido numa bandeja ou prato e abaixar-se para servir.
. O Abiyan só deverá entrar nas rodas de Xirê se forem chamados pelo Baba/Iyalorixá.
. O Abiyan tem suas funções na casa relacionadas à limpeza e manutenção, salvo se for um Abiyan antigo e de confiança poderá exercer outras funções.
. O Abiyan não tem Orixá definido ainda, por isso é denominado um Abiyan (aquele que está começando em um novo caminho) mesmo que venha de outra casa.
. O Abiyan deverá sempre pedir Agô para entrar e sair de cada ambiente do terreiro e esperar a resposta, Agô ya de um mais velho.
. O Abiyan só poderá ir embora com autorização do Baba/Iyalorixá.
. O Abiyan não questiona rituais litúrgicos de sua casa, respeita a hierarquia e se coloca sempre no seu lugar.
. O Abiyan deve aproveitar o máximo esse periodo de aprendizado, humildade e retidão, pois é nesse momento que irão refletir quanto a futura iniciação, as responsabilidades do que é ser um Adôxu, um Iyawó.
. A Vivência no axé, a disciplina, observar o comportamento dos mais velhos, ser verdadeiro com seus sentimentos para com o Orixá, estar despojado de vaidades, e entender que o mais importante não é “fazer o santo e sim saber o porque de se iniciar para o santo”. Não há pressa para iniciação, Orixá entende e nos concede essa oportunidade de aperfeiçoamento e adaptação, salvo as raras excessões.
Ser um bom Abiyan é estar se preparando para no futuro ser um bom Iyawó e assim como ser for um bom Iyawó é estar se preparando para ser um bom Ègbón.
De: Mônica D’Òsóòsì-Iyá Kèkèré do Ilé Àse Òsòlùfón-Íwín
Jogo de Búzios
É um instrumento de comunicação entre o Babalorixá e os Orixás. É através do Jogo de Búzios que os orixás manifestam seus avisos sobre a vida do indivíduo, o que terá que realizar a nível ritualístico (ebó, bori, oferendas, posturas) para a sua harmonização. A descoberta do orixá de cabeça, das restrições, os cuidados que deverão ser tomados serão revelados para cada um, através dos movimentos dos búzios.
- Caso queira fazer uma consulta com o Babalorixá Taosilé entre em CONTATO , deixando o E-mail e TELEFONE para que possamos entrar em contato.
Cargos no Axé
Primeiro vamos ver os cargos que também designam uma hierarquia dentro de uma casa de Ketu:
1. Yalorixá/Babalorixá: Mãe ou Pai de Santo. É o posto mais elevado na tradição afro-brasileira.
2. Yaegbe/baegbeé: É a segunda pessoa do axé. Conselheira, responsável pela manutenção da Ordem, Tradição e Hierarquia.
3. Iyalaxé: Mãe do axé, a que distribui o axé.
4. Iyakekere Babakekere: Mãe / Pai pequeno do axé ou da comunidade. Sempre pronta a ajudar e ensinar a todos iniciados.
5. Ojubonã: É a mãe criadeira.
6. Iyamoro: Responsável pelo Ipadê.
7. Iyaefun / Babaefun: Responsável pela pintura branca das Iyawos.
8. Iyadagan: Auxilia a Iyamoro.
9. Iyabassê: Responsável no preparo dos alimentos sagrados.
10. Iyarubá: Carrega a esteira para o iniciando.
11. Aiyaba Ewe: Responsável em determinados atos e obrigações de "cantar folhas.
12. Aiybá: Bate o ejé nas obrigações.
13. Ològun: Cargo masculino. Despacha os Ebós das obrigações, preferencialmente os filhos de Ogun, depois Odé e Obaluwaiyê.
14. Oloya: Cargo feminino. Despacha os Ebós das obrigações, na falta de Ològun. São filhas de Oya.
15. Iyalabaké: Responsável pela alimentação do iniciado, enquanto o mesmo se encontrar recolhido.
16. Iyatojuomó: Responsável pelas crianças do Axé.
17. Babalossayn: Responsável pela colheita das folhas. Kosí Ewé, Kosí Orixá.
18. Pejigan: O responsável pelos axés da casa, do terreiro. Primeiro Ogan na hierarquia.
19. Axogun: Responsável pelos sacrifícios. Trabalha em conjunto com Iyalorixá / Babalorixá, iniciados e Ogans. Não pode errar.
20. Alagbê: Responsável pelos toques rituais, alimentação, conservação e preservação dos instrumentos musicais sagrados. Nos ciclos de festas é obrigado a se levantar de madrugada para que faça a alvorada. Se uma autoridade de outro Axé chegar ao terreiro, o Alagbê tem de lhe prestar as devidas homenagens.
1. Iyalorixá ou Babalorixá: A palavra iyá do yoruba significa mãe, babá significa pai.
2. Iyaquequerê (mulher): mãe pequena, segunda sacerdotisa.
3. Babaquequerê (homem): pai pequeno, segundo sacerdote.
4. Iyalaxé (mulher): cuida dos objetos ritual.
5. Agibonã: mãe criadeira supervisiona e ajuda na iniciação
6. Ebômi: Ou Egbomi são pessoas que já cumpriram o período de sete anos da iniciação (significado: meu irmão mais velho).
7. Iyabassê: (mulher): responsável pela preparação das comidas de santo
8. Iaô: filho-de-santo (que já incorpora Orixás).
9. Abiã ou abian: Novato. É considerada abiã toda pessoa que entra para a religião após ter passado pelo ritual de lavagem de contas e o bori. Poderá ser iniciada ou não, vai depender do Orixá pedir a iniciação.
10. Axogun: responsável pelo sacrifício dos animais. (não entram em transe).
11. Alagbê: Responsável pelos atabaques e pelos toques. (não entram em transe).
12. Ogâ ou Ogan: Tocadores de atabaques (não entram em transe).
13. Ajoiê ou ekedi: Camareira do Orixá (não entram em transe). Na Casa Branca do Engenho Velho, as ajoiés são chamadas de ekedis. No Gantois, de "Iyárobá" e na Angola, é chamada de "makota de angúzo", "ekedi" é nome de origem Jeje, que se popularizou e é conhecido em todas as casas de Candomblé do Brasil. (em edição)
Lembro aqui que o primeiro povo a chegar no Brasil, foram os Banto (ou Bantu), o segundo Os Nago trazendo a Nação Ketu e por último os Ewe-Fon que aqui passaram a ser denominados como Djeje, hoje uma grande Nação.
Memórias da Casa de Òsúmáré
OGUN DEKISI IMPEDE UMA GRANDE INJUNTIÇA
A fama de Ogum Dekisi, Orixá da saudosa Mãe Simplícia, era conhecida por toda a cidade de Salvador. Pessoas de todos os lugares do mundo vinham até a Casa de Oxumarê para ter a honra de receber um abraço desta divindade de força tão presente. Episódios, como o narrado abaixo, faziam o respeito e admiração pela Yalorixá extrapolar as fronteiras da religiosidade, contribuindo até mesmo para a sua influência política.
Muito bem conceituado como mestre de obras, Seu Hilário, marido de Mãe Simplícia, era sempre requisitado para fazer serviços na área da Construção Civil em várias partes da cidade, mas isso não agradava à todas as pessoas, gerando desconforto e atritos.
Certo dia, Hilário foi convidado para fazer um trabalho em uma residência na Barra, uma casa de uma família tradicional e rica de Salvador. Ao chegar no local, o mestre de Obras, fez a avaliação do serviço e foi embora, voltaria no outro dia para começar. E assim ocorreu, bem cedo depois de seu desjejum, seguiu para o trabalho. Assim que ele saio Mãe Simplícia sentiu algo errado, sentiu vontade de ir atrás dele, porem não conhecia o local do novo trabalho do seu marido. Como esposa dedicada, que era, foi até o pegi de Ogum e pediu que o Orixá olhasse por ele. Assim que terminou de acender a vela, falou para suas que tinha sentindo um aperto no peito e não sabia o que era. Passou o dia inteiro preocupada.
Ao final do dia, por volta das 18h, Mãe Simplícia se sentiu ainda mais agoniada, afinal, seu marido ainda não tinha chegado em casa. Ao ir novamente no pegi, Ogum Dekisi tomou o seu corpo e avisou a todos que estavam presentes:
-Vim aqui apenas para resolver uma pendenga!
Disse Ogum e foi descendo as escadarias da Casa de Oxumarê em direção à Vasco da Gama. As filhas de santo de mãe Simplícia ficaram apreensivas e seguiram o Orixá para onde ele caminhava. De repente estavam em um imenso casarão na Barra. Ao abrirem o portão, encontraram seu Hilário rodeado de Policiais, sendo acusado de um crime que não cometera. Um relógio de ouro tinha desaparecido e Hilário era o principal suspeito e estava sendo encaminhado para a delegacia. Ogum respondeu:
- Foi por isso que vim em terra para dizer que ele é inocente. Desde cedo, eu sabia o que estava sendo armado para culpar este homem e vou mostrar a vocês onde tá o roubo.
Ogum saiu pela casa e em um canto esquecido apontou para os policiais onde estava o velho relógio escondido. Antes, fez questão de dizer para a filha do casal, patrões de seu Hilário:
- Sei que foi você fez isso para ele ser preso. Se você não quer ele na sua casa, manda ele sair, mas nunca faça alguém pagar por algo que não cometeu.
A garota ao ouvir as palavras da divindade caiu em prantos e assumiu ter levantado o falso para o mestre de obras, simplesmente porque não gostava de negros.
Os pais de prontidão pediram desculpas e quiseram presentear o profissional, que recusou. A família ficou tão grata com o ocorrido e depois desse dia passaram a frequentar a Casa de Oxumarê sempre que podiam. Mãe Simplicia passou a ser sacerdotisa da família.
Essa história se tornou conhecida em toda a cidade e corria junto a fama de Ogun.